Resumo da aula de PE (24/09)
Postado em Psicologia escolar
-Ana Bock: quando a Psicologia é necessária para a
educação? Como pode ocorrer a atuação do psicólogo?
Tradicional
-Ao nascer, o homem possui uma natureza dupla (parte boa e
parte corrompida). A escola molda para que a parte boa se sobressaia. O
professor é um exemplo a ser seguido e ensina quem o aluno deve ser, vigiando
os “corrompidos” para que não influenciem os demais.
-O positivismo impera (verdade única). Diziam que a
duplicidade era natural/orgânica.
-O professor é o modelo aperfeiçoado de ser humano e a
escola é regrada.
-O psicólogo não tinha papel.
Escola nova
-Ainda com a ideia de duplicidade, mas o homem nasce bom e
quem o corrompe é o mundo (homem tem uma parte frágil). Devemos vigiar para que
ele não seja corrompido.
-O marginal é anormal; homens diferentes e educação serve
para corrigir o imperfeito; biopsicologização da educação e da sociedade,
ajustando o indivíduo à sociedade e proporcionando a aceitação dos demais.
-A ajuda do psicólogo acontece quando ele é corrompido
(compara pessoas para ter a média).
-A parte corrompida é desnivelada no âmbito do
conhecimento.
-O aluno bom busca conhecimento espontaneamente. Aprender a
aprender: alunos escolhem áreas de interesse e o professor estimula.
-A Psicologia separa os diferentes, sendo cúmplice da
exclusão na escola (dando cunho científico a questões sociais, dizendo que são
questões naturais e individuais).
-A escola tem a intenção de manter a parte boa (base do
humanismo).
-O professor age como um facilitador sobre os interesses do
aluno. Se não tem interesses, tem um problema, e o psicólogo irá legitimar.
-Ampliação do psicólogo nas áreas clínica e institucional.
-Teorias do desenvolvimento (cognição, afeto,
sociabilidade, psicometria separando os diferentes para qualificar o processo
educacional).
-Cumplicidade
ideológica entre Psicologia e educação para manter os interesses da classe
dominante. Utiliza ideias científicas, oculta determinantes sociais das
dificuldades escolares, foca as dificuldades no sujeito e na família e
contribui para a desigualdade social.
-As consequências
dessa cumplicidade ideológica são: manutenção das desigualdades, imagem do
indivíduo separado do meio, apoio ao currículo oculto (valores em texto,
música), negação do conhecimento do aluno, avaliação desigual, Psicologia
pautada na correção (descobre o “defeito” e conserta).
-Intervenções para o
desmonte da cumplicidade: denunciar o que é social, negar a ideia de
indivíduo separado do meio, refletir, discutir, subjetividade nas relações escolares,
papel do professor (importância do professor para o aluno).
-Pedagogia
tecnicista: aprender a fazer. O processo educativo se torna objetivo e
operacional; planejamento de técnicas e metas para minimizar o subjetivo
(precisavam de mão de obra, oferecem curso técnico e os formados ganham menos
que universitários); meios tem lugar privilegiado no processo educativo;
professor e aluno em posição secundária; marginalizado é ineficiente,
incompetente e improdutivo; não supera a marginalidade e aumenta a evasão e a
repetência.
-Educação deveria ser um instrumento para equalizar
socialmente, superar marginalidade.
-Teorias não
críticas: pedagogia tradicional, marginalizado é ignorante, propaga
instrução e transmite conhecimentos de modo sistemático, o professor é modelo e
deposita no aluno o conhecimento que julga necessário, aumenta o nível de
marginalizados.
-Teorias
crítico-reprodutivistas: educação como discriminação social e
marginalização. As condições de produção de vida material favorecem a divisão
entre grupos, que se relacionam à base da força do capital; entender as
relações entre educação e sociedade. O sistema de ensino como violência simbólica: reforça relações
de força material e simbólica (quem não tem, é marginalizado). Escola como AIE (aparelho ideológico do estado):
reproduz relações capitalistas de produção, propagando aparelhos ideológicos
(religiosos, políticos, familiares, culturais, jurídicos).
-Escola dualista:
escola dividida em burguesia e proletariado; inculca a ideologia burguesa e
contribui para a formação da força de trabalho; valoriza o intelectual em
detrimento ao manual.
-Crítica aos mitos e estigmas que os justificam.
-A escola é histórica e cultural: impera a diversidade de
diferenças individuais e coletivas.
-Ideias cristalizadas em relação a gênero, etnia, deficiência,
condição social, religião; crença de que não há fatores políticos e sociais que
pretendem manter distanciamento do conhecimento para parcela da população;
material distante da realidade do aluno.
-Mitos e realidade:
distúrbio e deficiência, família desestruturada, pobreza e aprendizagem, etnia
e aprendizagem, cultura e aprendizagem, deficiência e aprendizagem.
-Pensar de quem são as necessidades: do aluno ou do
professor?
-Aprendizagem é processo; não é unilateral; não há melhores
ou piores; privilegiar coletivo ao individual; diagnóstico dinâmico;
manifestação dos sintomas é relacional; homogeneidade não existe; crítica e
autorreflexão do professor.
-Saúde tem conceito centrado no indivíduo, priorizando
abordagem biológica e organicista.
-Medicalização:
problemas de origem social e política transformados em problemas médicos.
-Biologização:
redução de conflitos sociais em biológicos.
-Patologização:
situações do cotidiano escolar transformadas em patológicas.
-É mais fácil lidar com um problema orgânico do que a
escola mudar. A medicalização é um alívio para os pais, professores e
especialistas.
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