RESUMÃO: Psicopatologia Geral
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Resumo
de Psicopatologia Geral – NP2
-Estados sinistros: loucura, geminalidade.
-Muitas vezes, o que chamamos de loucura não é
tão evidente assim.
Neurose
e psicose (psicanálise, Freud)
-1893 até 1914: teoria do recalque (neuroses).
-1914: “introdução ao narcisismo” e “luto e
melancolia” / primeiras teorizações acerca das diferenças entre neurose e
psicose do ponto de vista libidinal.
-1923/25: teorizações sobre defesas específicas
para neurose e psicose.
-Psicanálise surge fazendo uma crítica a medicina,
que falava da loucura há 100 anos.
-Pinel e outras escolas trabalharam com
descrição de sintomas. Doença precoce (esquizofrenias), monomanias (transtorno
bipolar), psicastemia (transtorno obsessivo compulsivo), melancolia (depressão)
já eram nomenclaturas presentes.
-A medicina buscava justificar porque a loucura
era problema dela, buscando origens orgânicas. Pessoa em estado de desrazão,
busca pela retomada da razão.
-Hoje sabemos que a patologia tem uma base
orgânica, mas não genética.
-Tudo isso influenciou na criação de
manicômios. A Alemanha não tem registros de manicômios.
-Os sintomas histéricos chamavam muita atenção.
A pessoa não entrava em estado de desvalia, não havia correspondente orgânico
que justificassem o sintoma.
-Freud começa a se interessar por essas
questões e volta a observação para o sintoma histérico. Não tinham questões
orgânicas, mas faziam parte da história da pessoa (registro de sedução, abuso).
-Breuer dizia que o sintoma era singular da
pessoa.
-Freud vai para a comunidade científica falar
sobre a hipótese de o sintoma estar ligado a alguma experiência traumática na
infância.
-No início, a psicanálise não buscava
distinguir neurose e psicose. O foco era eliminar a histeria.
-Ao mesmo tempo que descreve o sintoma
histérico, a Psicanálise constrói/teoriza sobre como se dá o psiquismo no
homem.
-O bebê freudiano não nasce com psiquismo, e
sim com potencial a construir o psiquismo ao longo da existência.
-Recalque: repressão, abafar.
-Primeira teoria do mecanismo psíquico: todas
as experiências passam por consciência e inconsciência. Nem tudo que é vivido,
é suportado pela consciência. O que não era suportado, eram questões que
afrontavam a moral sexual e religiosa da época. As histéricas tinham
experiência de sedução na infância e a moral mostrava que aquilo era errado, o
que fazia com que esse material fosse levado ao inconsciente. O inconsciente
tinha a ver com tudo que um dia havia sido consciente. E tudo voltava a partir
de determinadas circunstâncias (criança seduzida implicava uma quantidade
grande de energia que não era ab-reagida, elaborada, então parte dessa energia
virava sintoma). O recalque vai separar a representação do afeto.
-Quem introduz o recalque na vida da criança é o
outro.
-Freud descobre que as histéricas mentem para
ele por que nem sempre foram vítimas de sedução (não houve um fato concreto).
Havia um desejo de realizar essa cena e esse desejo era varrido do campo da
consciência e levado ao inconsciente, voltando através do sonho, sintoma etc.
-O sintoma é uma defesa do ego.
Neurose
X psicose: diagnóstico estrutural (psicanálise)
-A
psicopatologia descritiva não se ocupa de questões históricas e sim causa e
sintoma observável.
-Pinel,
em 1786, começou a descrever a loucura.
-1886:
nova prática da Europa contestando o pensamento da psiquiatria.
-O
problema da medicina foi tentar explicar a histeria buscando causas orgânicas.
-A
porta de entrada da psicanálise foram os estudos sobre a história.
-A
histeria passou a existir como entidade nosológica a partir de Pinel, mas
sempre existiu.
-A
psicanálise buscava desconstruir o paradigma de doença criado pela medicina.
-O
psicótico raramente toma a iniciativa (rompeu laços sociais) de procurar
tratamento.
-Neurótico
sente angústia de existência, então consegue buscar tratamento.
-Provavelmente
Freud começou a lidar com a histeria a partir do fluxo clínico e dos sintomas
curiosos apresentados.
-Freud
não começou com a psicose por conta da falta de procura destes. Quem chegava
aos consultórios eram as histéricas.
-Primeira
concepção de aparelho psíquico era pensado a partir de uma divisão entre vida
psíquica consciente e inconsciente. O inconsciente corresponde ao que já foi
consciente e quem faz essa varredura para o inconsciente é o
recalque/repressão. Recalque é uma separação entre a representação (vai para o
inconsciente) e o afeto (sintoma).
-O
primeiro inconsciente Freudiano (1894): consciente e inconsciente separados
pelo recalque. O inconsciente era formado pelo material recalcado.
-O
sintoma histérico estava relacionado com alguma lembrança que não podia ser
lembrada. A histérica sofre de reminiscências. As lembranças tinham a ver com
traumas da infância de caráter sexual.
-Quando
a censura era diminuída, através da hipnose, o sintoma tendia a desaparecer.
Quando passava o efeito, a pessoa não lembrava do que foi falado, portanto não
ajudava na solução do problema. Com isso, a hipnose é abandonada. Entretanto, a
hipnose ajudou a perceber que há um aspecto do psiquismo que não podemos
acessar conscientemente.
-O
processo civilizatório recalca. O sujeito Freudiano é social. O psiquismo não
existe sem o outro.
-Nesta
época, Freud não falava nada da psicose. A preocupação era, através do sintoma
histérico, traçar uma teoria da constituição psíquica.
-Primeira tópica: consciente e
inconsciente.
-Primeira teoria do trauma: fato real
não elaborado.
-Recalcamento: primeira defesa, fundação do psiquismo e
sintoma.
-Começa
a perceber que havia algo relacionado ao tema que não necessariamente estava
relacionado a um fato real, mas poderia este ligado a algum tipo de vivência ou
desejo típico que crianças tenham. A teoria começa a mudar quando Freud perde a
ilusão de inocência infantil. A criança está sempre em busca do prazer e não
tem censura. Esse prazer está ligado às pessoas que cuidam da vida da criança
(mãe e pai). Começa a formular a teoria da sexualidade infantil, onde pensa
toda a nossa tendência a buscar o prazer e aliviar o desprazer que se inicia
com nossos laços sociais com as pessoas responsáveis pelo nosso desenvolvimento
psíquico.
-O
que parecia um fato real, trauma, na verdade estava relacionado ao que toda
criança, em algum momento da vida, deseja. O que traumatizada era a falha do
recalque nessas situações.
-O
ser humano nasce sem psiquismo. Tem uma energia potencial para ter psiquismo.
Quando nascemos, o que funciona no corpo é a sensopercepção. Quando nasce, o
bebê é um aglomerado de energia em busca da vida. A única manifestação
instintual que temos é a situação de fome. A partir daí, nada que acontece no
desenvolvimento humano é igual para todas as pessoas. A amamentação coloca em
prática um processo pulsional. Recebe, além do leite, luz, calor, cheiro,
contato, som etc. Fica registrado no sistema perceptivo dela, como sensação e
não como imagem. Desprazer: busca do alívio de tensão. No segundo momento de
fome, ela recupera a memória rudimentar de sensação de prazer e faz novos
registros.
-Em
1906, Freud afirma que o bebê nasce em um estágio caótico. A criança passa por
estágios de organização pulsional. Tem experiências de satisfação próximas da
satisfação sexual. E cada etapa corresponde a uma organização especifica,
separa em fases. Fase oral, primeiro sub-estágio anal, segundo sub-estágio
anal, fase fálica, complexo de Édipo e fase genital.
-(1780),
1886 até 1914: “histerias”, teoria do recalque, vida de fantasia, desejo,
sonhos, lapsos, etapas para o desenvolvimento da libido.
-A
medicina entendia que a histeria tinha a ver com deterioração do sistema nervoso,
orgânica, hereditária (teoria da degenerescência).
-Verificaram
uma tipicidade nas histórias das histéricas: trauma na infância.
-Primeira
concepção de aparelho psíquico: divisão consciente e inconsciente. Primeira
concepção do inconsciente dizia respeito ao recalcado.
-Repressão/recalque: operação psíquica
que separa consciente do inconsciente (lembranças insuportáveis de ficar na
consciência). Freud não achava que nascíamos com inconsciente, ele era formado
a partir do recalque.
-Para
Freud, o sujeito não existe como sujeito se não houver recalque. Não somos
pessoas se em algum momento não houver renúncia de pulsões.
-A
única manifestação instintual humana é mamar (Freud, 1906 – 3 ensaios).
-A
pulsão (energia) nasce apoiada no instinto.
-Traço mnêmico: registro rudimentar de
prazer ou desprazer.
-Na
segunda mamada, a criança recupera as lembranças da primeira e soma.
-Cada
experiência que a criança tem, auxilia a criança a formar a noção de mundo e de
si (ego).
-Diferença
entre instinto e pulsão.
-Cada
status do desenvolvimento pulsional corresponde a uma fase do desenvolvimento
libidinal.
-O
bebê nasce num caos pulsional, não tem referências. Auto-erotismo: toda a energia libidinal/pulsional estão
concentradas/represadas no corpo. Na medida que entra um ser humano cuidador,
isso possibilita as primeiras organizações pulsionais.
-Fase oral: bebê não tem noção do corpo,
mas sabe que tem um buraco (boca) – primeira organização pulsional.
-Primeiro subestágio anal: prazer da
criança ligado às fezes.
-Momento de recalcamento muito forte.
-Segundo subestágio anal: retirada da
fralda.
-Fase fálica: criança descobre a
diferença anatômica.
-Genialidade: puberdade, adolescência.
Finaliza o desenvolvimento que parte de um estágio caótico e chega num
organizado.
-Em
circunstâncias normais, a criança vai passar por todos os estágios.
-Narcisismo/fase narcísica do
desenvolvimento libidinal: a criança não tem psiquismo, tem corpo e energia
(sensações). Dura até aproximadamente 2 anos. Em casos normais, esperamos que a
pessoa passe a uma estrutura diferenciada de ego (estrutura de pensamento).
Ainda não tem recalque (tem pequenos recalques), pois ainda não tem psiquismo
formado.
Principais características do
narcisismo:
1. Ego rudimentar:
pensamento mágico, satisfação imediata da pulsão, baixa tolerância a
frustração.
2. Angústia:
a criança não tem noção de que o outro é outro. Angústia psicótica de
aniquilamento do eu (o pavor da criança é de não conseguir sobreviver).
3. Relação de objeto:
simbiótica, indiferenciada, fusional (bebê não se diferencia do outro, bebê e
mãe são a mesma coisa do ponto de vista dele).
4. Conflito:
entre o ego e a realidade. A grande dificuldade do narcisismo e da psicose são
as frustrações vindas da realidade (a mãe está separada, o alimento não vem
quando precisa).
-Fixação/regressão.
-1924:
recusa da realidade.
-A
fixação libidinal ocorre por um excesso de energia liberado num momento
(excesso de prazer ou de dor).
-As
fixações da libido predominantes do narcisismo vão dar início a estrutura
psicótica da personalidade (o eixo, a base da personalidade será psicótica).
-As
fixações que ocorrerem na fase edípica vão dar início a estrutura neurótica da
personalidade.
-A
pessoa com base psicótica pode ter uma vida normal, caso tudo ocorra bem. Caso
ocorra uma crise, a base psicótica retorna e pode desenvolver sintomas
psicóticos. Quanto mais cedo ocorrer uma fratura no desenvolvimento, mais grave
será e mais chances terá de desenvolver um sintoma psicótico.
-Fixação: parte do ego se desenvolve e
parte fica preso a uma fase (modelo narcísico básico). A libido segue, mas a
base é narcísica. A partir de uma ruptura, a libido retorna/regride para a
posição em que estava fixada.
-Defesas do narcisismo: cisão do ego,
recusa da realidade e a criação de uma nova realidade (delírio, alucinação).
-O
delírio e a alucinação são sintomas positivos, pois nem toda psicose tem
delírio e alucinação. Significam que a pessoa está tentando voltar para a
realidade, porém da maneira dela, narcísica (ego regredido, cria uma realidade
particular que satisfaça o desejo dele).
-Quanto
mais precoce a regressão, mais grave.
-No
caso da psicose, não falamos em recalque. Falamos de cisão do ego, recusa da
realidade é criação de nova realidade (delírio, alucinação).
Neurose
1. Ego constituído.
2. Angústia de castração:
envolve o outro, medo de perder a atenção, a admiração, recusa do outro.
3. Relação de objeto:
dual.
4. Conflito:
entre o ego e o ID, superego e o ID (entre duas tendências opostas).
5. Defesa:
renúncia, recalcamento (abrimos mão de algo).
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