RESUMÃO: PE
Postado em Psicopatologia especial
Psicopatologia especial
– NP1
Esquizofrenia
1.
Sintomas de 1ª ordem
A. Percepção diferente e vivência de revelação.
B. Eco do pensamento.
C. Difusão do pensamento.
D. Alucinações.
E. Roubo do pensamento.
F. Vivência de influência.
2.
Sintomas negativos
A. Distanciamento afetivo.
B. Retração social.
C. Empobrecimento da linguagem.
D. Diminuição da fluência verbal.
E. Negligência.
F. Lentificação psicomotora.
3.
Sintomas positivos
A. Delírios.
B. Alucinações.
C. Agitação psicomotora.
D. Ideias bizarras.
E. Neologismo / parafrasia.
4.
Síndrome desorganizada
A. Pensamento progressivamente desorganizado.
B. Comportamento desorganizado.
C. Afeto inadequado.
D. Afeto pueril.
-Teoria do duplo
vínculo: criança tem no mínimo duas interpretações do mesmo fenômeno. A
criança vê uma coisa e o adulto desmente/diz outra, fazendo com que a criança
tenha duas interpretações.
-Fatores ambientais, sociais, psicológicos que afetam na
patologia.
-Algumas teorias afirmam que são necessárias 3 gerações
para acabar com a esquizofrenia.
-Base da
esquizofrenia: questões ambientais, metabólicas (sinapses,
neurotransmissores), alterações de imagem, gatilho (stress que opera como a
“gota d’água”).
-Remissão:
quando o sintoma some.
-É a que traz um prejuízo maior das funções cognitivas
(esfera do pensamento) e afetiva. É muito importante pela magnitude clínica,
pela idade (comum dos 15 aos 35 anos).
-Sintomas como divisores de águas na vida. É consequência
de um corte na biografia do sujeito. Quando há a remissão, dificilmente vai
recompor a definição psicológica de antes. Tende a cronificar. Quanto mais
evidente o surto e antes entrar com medicação, maior a chance de não
desenvolver novamente. Se não, a cada surto (regressão do ego), tem uma perda
psicológica e neurológica, pois implica em um pico de descarga elétrica. Mesmo
quando tratada pode cronificar.
-Foi chamada de demência precoce porque as pessoas
demenciavam rapidamente e muito cedo, até o começo do século XX.
-Psiquiatria pineliana fundou a psicopatologia e iniciou
com a definição de esquizofrenia.
-Haviam teorias que era uma patologia de pessoas menos
favorecidas que se revoltavam, se frustravam, inconformadas em relação ao
contexto histórico.
-Morel chamou de demência precoce. Tinha hipótese de
componente hereditário: algumas raças humanas estariam mais predispostas ao
desenvolvimento da esquizofrenia do que outras. Serviu de base para práticas
nazistas.
-Em 1900, Kraepelin distinguiu três grupos de psicose:
demência precoce, paranoia e psicose maníaco depressiva.
-Bleuer (século XIX
e XX): rebatizou a esquizofrenia, pois essa se manifestava através do
pensamento, entendeu que a principal forma de tratar era através da palavra.
Tratava como orgânica. Tem base nos conceitos freudianos. A esquizofrenia se
manifesta quando há o rompimento de “schizen”, como uma pele que separa de
mundo interno e mundo externo. Vida íntima vem à tona.
-Alguns sintomas devem estar presentes (a maioria, não
todos):
1. Percepção
delirante: ocorre, em geral, de forma abrupta como uma “revelação”. É uma
percepção real com uma interpretação delirante. A representação está revestida
por uma história. O pensamento produz a ideia a respeito do estímulo real.
Primeiro sintoma a aparecer. Faz parte do processo inicial do surto em que não
entende a realidade a seu redor, até que tem uma revelação (teoria sobre um estímulo).
2. Alucinações
auditivas características: vozes que comentam ou comandam a ação.
3. Eco do pensamento
ou sonorização do pensamento: paciente escuta seus pensamentos ao
pensa-los, como se fosse uma voz narrando.
4. Difusão do
pensamento: sensação de que os pensamentos são ouvidos ou percebidos
claramente pelos outros, no momento em que os pensa.
5. Roubo do
pensamento: vivência de que o pensamento é inexplicavelmente extraído de
sua mente.
6. Vivência de
influência corporais ou ideativas: vivência de que forças externas agem
sobre o corpo ou o pensamento.
-Sintomas de primeira ordem: ruptura entre mundo interno e
mundo externo.
-A partir da década de 70, os sintomas da esquizofrenia
foram divididos em dois grandes grupos: positivos ou psicóticos e negativos ou
deficitários.
-O delírio ocorre quando o ego tenta se reconectar com a
realidade (nos moldes de ego regredido). É melhor ter predominância de sintoma
positivo.
-Na catatonia o indivíduo se isola, faz poucos movimentos
físicos.
-Esquizofrenia simples pode ser confundida com depressão,
diagnóstico difícil, silenciosa, não tem sintomas positivos, pensamento não tem
cisão tão evidente, é crônica e confundida com esquizofrenia residual. É muito
comum.
-Relação da mãe com o filho esquizofrênico é viscosa, ela
se antecipa, não deixa os outros se aproximarem, protege.
Transtornos da afetividade (depressões)
-As depressões têm como elemento mais saliente o humor
triste e o desânimo. No entanto, caracterizam-se por uma multiplicidade de
sintomas afetivos, instintivos, neurovegetativos, ideativos, cognitivos,
relativos à autovaloração, vontade e psicomotricidade.
Apresentações
sintomáticas de uma base depressiva
-Sintomas afetivos:
tristeza, melancolia, choro fácil/frequente, sentimento de falta de sentimento,
tédio, aborrecimento crônico, irritabilidade, angústia, desespero,
desesperança.
-Esfera instintiva:
anedonia (ausência de ânimo, prazer), fadiga, desânimo, insônia/hipersonia
(excesso de sono), perda/aumento do apetite, pele fria, perda de libido, diminuição
da resposta sexual.
-Esfera ideativa:
ideação negativa (a pessoa acredita que nada dará certo), ideias de
arrependimento/culpa (se responsabiliza por tudo), ruminações de mágoas
antigas, ideias de morte (ideias de que irá morrer em determinadas situações),
ideações suicidas.
-“Mal do século”, silenciosa, capitalismo (ideais do ego
inatingíveis), “o homem não pode deprimir”, tristeza não é depressão, alguns
usam a depressão como “bengala”, a família adoece junto.
-É, dentre todas as psicopatologias, a mais incapacitante.
-Nossa clínica hoje é a “clínica da depressão”.
-As pessoas têm uma necessidade de provar publicamente que
conseguem se livrar dessa “depressão”. São muitos ideais de felicidade difíceis
de atingir. A felicidade é um estágio transitório.
-O capitalismo exige a presença da mulher no mercado de
trabalho competitivo. Cada vez mais, elas têm que se ausentar mais cedo e por
mais tempo da vida dos filhos.
-A questão da depressão é ter alguém que se aproprie do
bebê, deixando ele ter um lugar por excelência na relação. O que vale é o
vínculo estabelecido, não basta o cuidado técnico.
-É um transtorno do humor, que diz respeito à afetividade.
-Há uma questão relacionada a perda que ocorre no ego, no
primeiro processo de desenvolvimento, de identificação. O bebê depende do
investimento materno para se sentir importante. Precisa que justifiquem que ele
é o “rei”, que alguém confirme o narcisismo dele, pois isso criará a base da
personalidade (afetiva, que vem das primeiras identificações) à processo de narcisisação. Winnicott diz que isso daria uma
provisão (reserva que carregamos para a vida toda – base para identidade,
autoconfiança, autoestima).
-Se a mãe tem depressão, ela não consegue voltar a energia
para o bebê, pois está centrada nela. Se o bebê não recebe o feedback positivo
da mãe, ele se identifica com o olhar entristecido, vazio da mãe. A base de sua
personalidade também será triste e vazia. A criança leva para o ego os aspectos
depressivos da mãe. Isso ajuda a configurar o modelo do ego. “Eu não sou um
bebê suficientemente legal para despertar o olhar da mãe”. Há possibilidades de
melhora, mas é irreversível estruturalmente, a pessoa sempre terá uma tendência
à depressão.
-Etiologia (causa)
da depressão: multifatorial. Começa pelas condições da infância, afetivas,
narcísica, base e raiz da personalidade. Quanto menos ego tem, maior o
prejuízo. É uma perda tão importante que produz fixações, que definem o modelo
da estrutura psíquica. As fixações ocorrem mais tarde que as esquizofrenias, quando
já existe um pouco do ego (2º subestágio oral, 1º subestágio anal):
-Existem depressões psicóticas e neuróticas.
-O fator ideológico diz que ocorre devido a falha
ideológica no 2º subestágio oral.
-Outro fator aponta que toda psicopatologia tem um gatilho.
No caso das depressões, o gatilho/a base é uma perda. Tem uma perda subjetiva quando fixa a libido e cria a base
estrutural da personalidade (segue a vida normalmente). Ocorre outra perda,
seja qual for,
-Na esquizofrenia, o ego não está bem formado, então é
comum ocorrer na adolescência.
-Ás vezes o depressivo não consegue receber, pois isso
justifica que ele não tem, gerando inveja. O superego do deprimido é
abandonador, aponta as falhas para si mesmo. Cada conquista, o superego
destrói. Se acha incapaz.
-Existe uma questão metabólica comprovada nas depressões.
Existem teorias que falam da descompensação da produção de serotonina, está
ligada ao stress, à perda, é um impacto que altera as sinapses. Existem fatores
históricos, psicodinâmicos, referência à faltas e falhas da mãe e o gatilho. Metabólico, psicodinâmico e psicossocial.
-A base da fobia é a depressão.
-TDAH é um sintoma que pode estar relacionado com uma
psicose, autismo, fobia ou depressão infantil.
-Não diagnosticamos o transtorno de personalidade na
infância, pois a personalidade não está completamente formada.
-Alterações
cognitivas: déficit de atenção, concentração, memória, iniciativa/decisões,
pseudodemência (pessoa vai lentificando ao ponto de parecer uma demência).
-Alterações da
autovaloração: sentimento de autoestima diminuída, insuficiência,
incapacidade, vergonha.
-Alterações da
vontade: avolição (falta de vontade), aumento na latência entre perguntas e
respostas (demora para entender), estupor (rebaixamento da consciência que
preserva os atos automáticos, mas perde identificações), mutismo (para de
falar), negativismo (a pessoa se recusa a algumas coisas).
-Sintomas psicóticos:
ideias delirantes, delírio de ruína, de culpa, hipocondríaco, negação dos
órgãos, alucinações auditivas, ilusões auditivas ou visuais.
Transtornos do humor ou
da afetividade (depressões)
-Nas depressões e manias temos como classificações dos
manuais: leve, moderada ou grave.
Leve
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Moderada
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Grave
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Reativas,
“neuróticas”
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Com sintomas
psicóticos ou sem sintomas psicóticos
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É a “mais grave”,
pois é insidiosa
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Antigamente chamada
de melancolia, com uma ligação endógena (química)
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Com sintoma somático
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Depressão psicótica
(ruptura com a realidade)
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Sem sintoma somático
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Teve a retração da
libido para o ponto de fixação narcísico
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Nem sempre vem
acompanhada de sintomas psicóticos (delírio e alucinação), o que pode nos
fazer confundir com demência
|
Tarefa: pesquisar mais sobre os sintomas e seus conceitos.
-Definição quantitativa entre leve e moderada, moderada e
grave (mesmos sintomas, aumenta a quantidade).
-Depressão está diretamente relacionada ao superego.
-O prognóstico da depressão é mais positivo do que a
esquizofrenia.
-Quando existem sintomas psicóticos na depressão grave, é
melhor, pois se trata de uma tentativa de retomar o contato com a sociedade.
-Leve: ao menos
2 ou 3 sintomas.
-Moderada: 4 ou
mais dos sintomas.
-Grave: vários
sintomas marcantes e angustiantes, perda da autoestima, ideia de desvalia e
culpa. Com sintoma psicótico:
delírio e alucinação.
-O manejo clínico em psicoterapia é difícil, pois o
superego é mal constituído (tirânico, punitivo).
-Paciente submete o terapeuta ao sadismo dele, quer que o
terapeuta sinta a mesma dor que ele sente.
Mania
-Classificação:
leve, moderada ou grave. Hipomania (leve – pessoa sempre/permanentemente
bem-humorada, positiva), mania com ou sem sintomas psicóticos.
-Sintomas: negação/oposto
da depressão. Expansão do eu (o “eu” fica inflável, se acha o máximo), aumento
da autoestima, heteroagressividade (agressividade com o ambiente, elação (humor
elevado), desinibição social e sexual, insônia, loquacidade (produção verbal
rápida), tendência a comprar, distraibilidade, ideias de grandeza com perda da
lógica, logorreia / pressão para falar, agitação motora, irritabilidade,
delírios de grandeza, místico e alucinações auditivas.
-A base da mania é a depressão. Para negar essa base, faz o
oposto.
-Quando a depressão alterna com a mania, chamamos de
transtorno afetivo bipolar.
-Os tipos de mania, depressão e bipolaridade alternam de
acordo com o período de permanência de cada episódio.
-Bipolaridade é um transtorno do humor.
-Borderline é um transtorno do caráter. É um diagnóstico
difícil de fazer.
-A origem da depressão está relacionada à perda. Quem
identificou isso foi Freud e hoje sabemos que a perda está na base.
-Depressão: 3
eixos – leve, moderado ou grave. Depressão grave pode ser com ou sem sintoma
psicótico (delírio e alucinação). Existe uma depressão leve, crônica, que não
se define por uma grande crise (a pessoa é daquele jeito – desvitalizado,
desanimado, pessimista): distimia. É difícil de tratar, o plano afetivo é muito
afetado, pois é difícil o convívio.
-Mania: leve,
moderada ou grave. A mania grave raramente vem sem sintoma psicótico.
-Bipolaridades:
oscilação entre mania e depressão.
Psicodinâmica
Teoria Freudiana das
psicoses
-Até 1911 as formulações freudianas sobre a psicose
esbarravam na insuficiência conceitual já que o recalque era preconizado como o
principal mecanismo formados de sintomas.
-Freud disse que todos temos uma energia de ligação,
erótica. A adesão ao ego seria a via pela qual o desenvolvimento do psiquismo
iria acontecer. Fala das fases do desenvolvimento libidinal (oral, anal e
genital), dizendo que cada uma tem suas características. Depois, Melanie Klein
subdivide essas fases.
-Para o bebê, não existe alguém externo que dá o leite.
Quando está saciado, sente que comeu algo que produziu saciedade. Ao longo do
tempo, acha que comeu “algo bom” e “algo ruim” (Melanie Klein).
-Em 1906, Freud
percebe as fases oral, anal, fálica e genital. Em 1911, ele torna essa teoria evolutiva do desenvolvimento afetivo/libidinal,
mais ampla. Fala de um estado longo do desenvolvimento onde a criança não tem a
menor possibilidade de fazer um investimento no mundo pensando-o como externo.
A libido (energia) leva um tempo para ser investida no mundo. Narcisismo se
caracteriza por uma fase onde o ego é rudimentar (começando a se formar) e que
o bebê não é nada além de um “reservatório da libido”. Na verdade, o ID é o
reservatório da libido, pois o ego não está formado. O bebê está com o
potencial de energia pronto para ser “ligado”.
-No
caso da psicose, a fixação é produzida por experiências impactantes que
aconteçam no narcisismo. Se o cuidador, a vida intervém demais (excesso ou
escassez de oferta), vai marcar a vida do sujeito. Fixação determina a
estrutura psíquica do sujeito (psicótica, neurótica e perversa).
-1914: Freud amplia “introdução ao
narcisismo” publicando “luto e melancolia”. É um artigo muito importante, onde
ele se aprofunda mais nos mecanismos que estão na base da psicose (estrutura e
sintoma), mais especificamente o que era denominado melancolia (depressão de
base narcísica com ou sem sintomas psicóticos).
-1927: Freud acrescenta na teoria do
desenvolvimento da libido uma teoria da defesa. Entende que o mecanismo de
formação do psicótico não está relacionado a repressão, por conta da
primariedade do sintoma, sintoma aderido ao real. O corolário da teoria
freudiana (artigos que mostram uma mudança de posição) acontece em 1926/1927. Clivagem do ego: ego parcialmente
desenvolvido, por isso cindido. Conceito
de recusa da realidade: assentado no conceito de clivagem do ego.
-Na esquizofrenia, há uma fixação na fase oral primária (fase mais passiva).
Fase oral foi desmembrada por dois teóricos. Ela é passiva, a criança está com
um desconforto e a mãe alimenta. A criança suga pelo reflexo de sugar (modo de
relação objetal predominante), questão de sobrevivência. Implica numa angústia
narcísica, de aniquilamento. O ego começa a existir nesse momento (Freud diz
que para que ele comece a existir, deve haver um novo ato psíquico – entrada da
mãe na vida da criança).
-Fase oral secundária: modo de relação
com o mundo é morder. Fase oral sádica, coincide com o nascimento dos dentes. Dá origem a antiga psicose
maníaco-depressiva, melancolia ou depressões psicóticas. O que dá origem a depressão, são fixações mais tardias. A
estrutura é narcísica, mas o ego está bem mais desenvolvido, em comparação a
fase oral primária. A criança enxerga a mãe fora dela, reconhece, ri, brinca,
mas tem a convicção de quem opera a mãe é ela (narcísica). Isso dura até o
final do narcisismo. A criança percebe a presença e ausência da mãe, que as
vezes demora para voltar – sentimento de ambivalência muito presente nesse
momento (ama e odeia a mãe). Sentimento de angustia e desamparo quando percebe
que não existe sem a mãe. Quando percebe que domina a mãe, fica aliviado.
Quando a mãe “some”, o bebê vive um profundo sentimento de aniquilamento, odeia
a ponto de não receber a mãe de volta. Fixação nessa fase origina a depressão,
pois a criança perde a ilusão de que ela é o centro do mundo, abandono pela
mãe, mãe emocionalmente ausente (deprimida que não consegue sustentar a ilusão
do bebê – pior situação – ausência marcada pela presença). O bebê precisa da
relação especular (olho no olho, espelho) para fazer uma reserva/provisão de
autoestima, sentimento de valor, importância, relevância, que é uma pessoa, que
aguenta ficar sem a mãe, que ela está dentro dele como um objeto bom. Quando a
mãe olha entristecida para o bebê, não há nada que ele possa fazer para mudar a
condição da mãe.
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