Resumo da aula de PE (18/10)
Postado em Psicopatologia especial
Transtornos de
personalidade
-É um transtorno que afeta toda a personalidade, inclusive
o temperamento.
-Para a psicopatologia, o conceito de caráter não diz
respeito apenas a algo moral. Diz respeito a um superego que não fechou o ciclo
do desenvolvimento (deficitário).
-Século XIX: Pinel chamou de manie sans délire
(mania sem delírio – não tinha alucinação), prejuízo das funções afetivas, particularmente
instabilidade emocional e tendência dissocial, sem prejuízo da função
intelectual e cognitiva.
-Monomanias afetivas e instintivas, Esquirol (1838), incluía qualquer comportamento aberrante, como
piromania, cleptomania em oposição à “insanidade total”.
-Morel (1857), Lombroso (1876) e Magnan (1895), postulam a
hereditariedade como fator decisivo desses transtornos.
-Morel tinha uma
premissa que a questão hereditária estava presente na psicose. Dizia que
algumas raças humanas estavam mais predispostas a desenvolver a patologia. Foi a
uma tribo e descobriu que lá havia uma prevalência muito grande de pessoas que
desenvolveram esquizofrenia. Com base nesse estudo, conclui que as populações
que estavam dispostas a desenvolver essa patologia eram todos os povos que não
fossem europeus. Essa teoria influenciou o nazismo.
-1923: Kurt
Schneider definiu a psicopatia. Em 1974 definiu 10 subtipos que inspiraram o
CID-10 e o DSM-IV: hipertímicos, depressivos, inseguros de si (ansiosos e
depressivos), fanáticos, necessitados de valorização, lábeis de humor,
explosivos, frios de sentimentos, abúlicos e astênicos.
-Teoria geral de formação de sintoma: há uma fixação e um fator
estressor atual que arca com a situação de antes e depois do sintoma.
-Definição (OMS,
1993): Transtorno grave na constituição do caráter que se caracteriza por
um padrão persistente de conduta íntima ou comportamento, que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, manifestando-se em,
pelo menos, duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, funcionamento
interpessoal e controle dos impulsos (os principais sintomas se manifestam
nessas áreas). O padrão é inflexível e abrange ampla faixa de situações
pessoais e sociais, provoca sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional do indivíduo. Não decorrem de nenhum outro transtorno mental ou
doença cerebral; são condições de desenvolvimento que aparecem na infância ou
adolescência e continuam pela vida adulta.
-O déficit na formação do caráter tem um prejuízo global na
formação da personalidade, com fixações em diversos locais do desenvolvimento.
Portanto, a pessoa é daquela forma, é a forma que ela tem para lidar com o
mundo.
-Jamais se fecha um diagnóstico antes da vida adulta, pois
ainda está em desenvolvimento.
Etiologia
-Fatores genéticos,
constitucionais, biológicos, ambientais (trauma da
infância) e culturais.
-Fatores ambientais relacionam o
TP com prejuízos nos processos de identificação que constituem a estrutura de
base da personalidade: assim, pais que apresentam:
• Conduta antissocial;
• Frieza afetiva;
• Baixa tolerância à frustração;
• Papeis sociais difusos;
• Conflitos parentais;
• Abuso físico e/ou sexual
• Institucionalização.
Diretrizes diagnósticas segundo a CID- 10:
- Atitudes e
condutas marcadamente desarmônicas, envolvendo várias áreas de
funcionamento, por exemplo, afetividade, excitabilidade, controle de
impulsos, modos de percepção e pensamento e estilo de relacionamento com
os outros.
- O padrão anormal de comportamento é permanente (sempre foi assim), de longa duração e
não-limitado a episódios de doença mental.
- O padrão anormal
de comportamento é invasivo e claramente mal adaptativo para uma ampla
série de situações pessoais e sociais.
- As manifestações
acima sempre aparecem durante infância ou adolescência e continuam pela
idade adulta.
- O transtorno leva
à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar aparente apenas
tardiamente em seu curso.
- O transtorno é
usual, mas não invariavelmente associado a problemas significativos no
desempenho ocupacional e social.
Transtorno de Personalidade Antissocial
Caracteriza-se pelo
padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível
constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do
Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, frequentemente têm
problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Frequentemente
manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um
casamento por muito tempo.
Aspectos essenciais
• Insensibilidade aos sentimentos alheios
• Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e
obrigações sociais de forma persistente.
• Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente
quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los.
• Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em
atitudes agressivas e violentas.
• Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de
aprender com as punições.
• Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios
lógicos, porém improváveis.
Transtorno de Personalidade Borderline (Limítrofe)
Caracteriza-se por um padrão de
relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. A instabilidade
das emoções é o traço marcante deste transtorno, que se apresenta por
flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem
justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade emocional, mas para
tentar encobri-la justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis. Seu
comportamento impulsivo frequentemente é autodestrutivo. Estes pacientes não
possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida ou uma
escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade. A
instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em
dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante.
Aspectos essenciais:
• Padrão de relacionamento instável variando rapidamente
entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la.
• Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos
financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir
irresponsavelmente.
• Rápida variação das emoções, passando de um estado de
irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta
ordem).
• Sentimento de raiva frequente e falta de controle desses
sentimentos chegando a lutas corporais.
• Comportamento suicida ou automutilante.
• Sentimentos persistentes de vazio e tédio.
Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como
pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional.
Transtorno de Personalidade Paranoide
Caracteriza-se pela
tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído,
mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade
afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo
frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos frequentes
entre os paranoides. O paranoide dificilmente ri de si mesmo ou de seus
defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida
quando alguém lhe aponta algum defeito.
Aspectos essenciais:
• Excessiva sensibilidade em ser desprezado.
• Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar
insultos, injúrias ou injustiças cometidas.
• Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de
outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e
interpretar maleficamente os atos dos outros.
• Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em
desproporção à situação real.
• Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade
do parceiro conjugal.
• Tendência a se autovalorizar excessivamente.
• Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações
infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.
Transtorno de Personalidade Dependente
Caracterizam-se pelo
excessivo grau de dependência e confiança nos outros. Estas pessoas precisam de
outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitem que os
outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se
desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade,
chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de
comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus
limites.
Aspectos essenciais:
• É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma excessiva
quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas.
• Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de
sua vida como onde morar, que profissão exercer.
• Submete suas próprias necessidades aos outros.
• Evita fazer exigências ainda que em seu direito.
• Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados.
• Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento
íntimo.
• Facilmente é ferido por crítica ou desaprovação.
Transtorno de Personalidade Esquizoide
Primariamente pela
dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções. A
indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento
sociais. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se
perturbam com elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta
prazer nas pessoas, não diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho,
no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). Esses casos não devem ser
confundidos com distimia.
Aspectos essenciais:
• Poucas ou nenhuma atividade produzem prazer.
• Frieza emocional, afetividade distante.
• Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos,
ternos ou de raiva para como os outros.
• Indiferença a elogios ou críticas.
• Pouco interesse em ter relações sexuais.
• Preferência quase invariável por atividades solitárias.
• Tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias
pessoais.
• Falta de amigos íntimos e do interesse de fazer tais
amizades.
• Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma
atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida
recentemente.
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