terça-feira, 18 de outubro de 2016

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Resumo da aula de PE (18/10)

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Transtornos de personalidade
-É um transtorno que afeta toda a personalidade, inclusive o temperamento.
-Para a psicopatologia, o conceito de caráter não diz respeito apenas a algo moral. Diz respeito a um superego que não fechou o ciclo do desenvolvimento (deficitário).
-Século XIX: Pinel chamou de manie sans délire (mania sem delírio – não tinha alucinação), prejuízo das funções afetivas, particularmente instabilidade emocional e tendência dissocial, sem prejuízo da função intelectual e cognitiva.
-Monomanias afetivas e instintivas, Esquirol (1838), incluía qualquer comportamento aberrante, como piromania, cleptomania em oposição à “insanidade total”.
-Morel (1857), Lombroso (1876) e Magnan (1895), postulam a hereditariedade como fator decisivo desses transtornos.
-Morel tinha uma premissa que a questão hereditária estava presente na psicose. Dizia que algumas raças humanas estavam mais predispostas a desenvolver a patologia. Foi a uma tribo e descobriu que lá havia uma prevalência muito grande de pessoas que desenvolveram esquizofrenia. Com base nesse estudo, conclui que as populações que estavam dispostas a desenvolver essa patologia eram todos os povos que não fossem europeus. Essa teoria influenciou o nazismo.
-1923: Kurt Schneider definiu a psicopatia. Em 1974 definiu 10 subtipos que inspiraram o CID-10 e o DSM-IV: hipertímicos, depressivos, inseguros de si (ansiosos e depressivos), fanáticos, necessitados de valorização, lábeis de humor, explosivos, frios de sentimentos, abúlicos e astênicos.
-Teoria geral de formação de sintoma: há uma fixação e um fator estressor atual que arca com a situação de antes e depois do sintoma.
-Definição (OMS, 1993): Transtorno grave na constituição do caráter que se caracteriza por um padrão persistente de conduta íntima ou comportamento, que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, manifestando-se em, pelo menos, duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal e controle dos impulsos (os principais sintomas se manifestam nessas áreas). O padrão é inflexível e abrange ampla faixa de situações pessoais e sociais, provoca sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional do indivíduo. Não decorrem de nenhum outro transtorno mental ou doença cerebral; são condições de desenvolvimento que aparecem na infância ou adolescência e continuam pela vida adulta.
-O déficit na formação do caráter tem um prejuízo global na formação da personalidade, com fixações em diversos locais do desenvolvimento. Portanto, a pessoa é daquela forma, é a forma que ela tem para lidar com o mundo.
-Jamais se fecha um diagnóstico antes da vida adulta, pois ainda está em desenvolvimento.
Etiologia
-Fatores genéticos, constitucionais, biológicos, ambientais (trauma da infância) e culturais.
-Fatores ambientais relacionam o TP com prejuízos nos processos de identificação que constituem a estrutura de base da personalidade: assim, pais que apresentam:
      Conduta antissocial;
      Frieza afetiva;
      Baixa tolerância à frustração;
      Papeis sociais difusos;
      Conflitos parentais;
      Abuso físico e/ou sexual
      Institucionalização.
Diretrizes diagnósticas segundo a CID- 10:
  1. Atitudes e condutas marcadamente desarmônicas, envolvendo várias áreas de funcionamento, por exemplo, afetividade, excitabilidade, controle de impulsos, modos de percepção e pensamento e estilo de relacionamento com os outros.
  2. O padrão anormal de comportamento é permanente (sempre foi assim), de longa duração e não-limitado a episódios de doença mental.
  3. O padrão anormal de comportamento é invasivo e claramente mal adaptativo para uma ampla série de situações pessoais e sociais.
  4. As manifestações acima sempre aparecem durante infância ou adolescência e continuam pela idade adulta.
  5. O transtorno leva à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar aparente apenas tardiamente em seu curso.
  6. O transtorno é usual, mas não invariavelmente associado a problemas significativos no desempenho ocupacional e social.

Transtorno de Personalidade Antissocial
Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, frequentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Frequentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo.

Aspectos essenciais
      Insensibilidade aos sentimentos alheios
      Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente.
      Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los.
      Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas.
      Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as punições.
      Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém improváveis.

Transtorno de Personalidade Borderline (Limítrofe)
            Caracteriza-se por um padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. A instabilidade das emoções é o traço marcante deste transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade emocional, mas para tentar encobri-la justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis. Seu comportamento impulsivo frequentemente é autodestrutivo. Estes pacientes não possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida ou uma escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade. A instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante.
Aspectos essenciais:
      Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la.
      Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente.
      Rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem).
      Sentimento de raiva frequente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais.
      Comportamento suicida ou automutilante.
      Sentimentos persistentes de vazio e tédio.
Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional.

Transtorno de Personalidade Paranoide
Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos frequentes entre os paranoides. O paranoide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum defeito.
Aspectos essenciais:
      Excessiva sensibilidade em ser desprezado.
      Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças cometidas.
      Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e interpretar maleficamente os atos dos outros.
      Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real.
      Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal.
      Tendência a se autovalorizar excessivamente.
      Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.

Transtorno de Personalidade Dependente
Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitem que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus limites.
Aspectos essenciais:
      É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas.
      Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profissão exercer.
      Submete suas próprias necessidades aos outros.
      Evita fazer exigências ainda que em seu direito.
      Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados.
      Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento íntimo.
      Facilmente é ferido por crítica ou desaprovação.

Transtorno de Personalidade Esquizoide
Primariamente pela dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções. A indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento sociais. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se perturbam com elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, não diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). Esses casos não devem ser confundidos com distimia.
Aspectos essenciais:
      Poucas ou nenhuma atividade produzem prazer.
      Frieza emocional, afetividade distante.
      Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para como os outros.
      Indiferença a elogios ou críticas.
      Pouco interesse em ter relações sexuais.
      Preferência quase invariável por atividades solitárias.
      Tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais.
      Falta de amigos íntimos e do interesse de fazer tais amizades.
      Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida recentemente.

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