Resumo da aula de PE (25/10)
Postado em Psicopatologia especial
-Leitura recomendada:
BERGERET, J. – Personalidade normal e patológica., artes médicas – as
estruturas de personalidade.
-A Organização Mundial da Saúde entendeu que deveriam mudar
a classificação psicopatológica. O sujeito poderia ter uma infinidade de
sintomas que deixavam difícil definir qual quadro era apresentado. Nessa
revisão, passamos para uma classificação a partir de categorias de sintoma. Os
sintomas foram agrupados por semelhança e a partir daí formaram eixos de
classificação.
-Mimetismo:
histérica altamente sugestionável, facilmente influenciadas (positiva e
negativamente) e tendem a reproduzir um sintoma a partir de uma “imitação”.
-A histérica tem uma carência afetiva, necessidade de ser a
melhor, preencher a falta do outro, estar junto.
-Não temos mais a descrição típica do funcionamento
dinâmico histérico. A histeria está nos transtornos da ansiedade, transtornos
fóbicos e transtornos dissociativos conversivos.
-Não fazemos distinção entre ansiedade e angústia. É um
estado em que o psiquismo fica em estado de alerta (tonalidade negativa).
Ansiedade é uma condição normal. Na saúde psíquica, ela é nosso alarme (sinal
de que algo não está bem e precisa melhorar). Se torna patológica quando vira
sintoma, quando está presente em qualquer circunstância que não tenha a ver com
a questão da sobrevivência.
-Tem uma base de depressão.
-Nos manuais atuais, os transtornos da ansiedade são
organizados em dois grandes grupos:
1. Transtornos da Ansiedade Generalizada: cujo
sintoma é a ansiedade livre e flutuante constante e permanente; tudo produz
ansiedade, angústia, medo, interpreta negativamente.
2. Ansiedade
paroxísticas: ansiedade pontual, localizada. Picos de ansiedade. Transtorno
do pânico (não tem um gatilho, objeto desencadeador) e fobia (tem um gatilho
externo a uma situação). Crises de Pânico cujo sintoma é a manifestação
da ansiedade de forma intensa e abrupta que ocorrem de forma repetitiva podem
configurar o Transtorno de Pânico.
Transtornos da
ansiedade generalizada
Critérios diagnósticos
segundo o DSM-IV
1. Ansiedade e
preocupação excessivas, na maioria dos dias, por um período mínimo de 6 meses
em diferentes atividades e eventos da vida.
2. Dificuldade em
controlar a preocupação e ansiedade que por sua vez relacionam-se aos seguintes
sintomas:
Inquietação ou sensação de “estar com os nervos à flor da
pele”
Cansaço fácil, fadigabilidade
Dificuldade em concentrar-se, sentir um “branco na mente”
Irritabilidade, “pavio curto”
Tensão muscular, dificuldade em relaxar
Alterações do sono: dificuldade me pegar no sono e/ou
mantê-lo.
3. O foco da
ansiedade e/ou preocupação não é decorrente de outro transtorno mental (como
medo de ter crises de pânico, ser contaminado -no caso do TOC-, ganhar peso –
no caso da anorexia -etc).
4. Ansiedade, preocupação ou sintomas físicos causam
sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social.
-O foco da ansiedade não pode ser outra patologia, exemplo
TOC ou anorexia. Não é decorrente de outro transtorno mental.
-Crise de pânico
é episódica. O transtorno de pânico
se define pela frequência das crises.
-Hiperatividade
autonômica: sistema nervoso central e nosso aparato vegetativo.
Ataques de pânico e transtorno de pânico
Critérios Diagnósticos
para crises de pânico segundo DSM-IV
Ataque ou crise de pânico
Período de intenso desconforto ou de sensação de medo com
pelo menos quatro dos seguintes critérios:
1. Palpitações ou taquicardia
2. Sudorese
3. Tremores
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento
5. Sensações de asfixia
6. Dor ou desconforto torácico
7. Náusea ou desconforto abdominal
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
9. Desrealização (sensações de irrealidade, de que o
ambiente familiar está estranho) ou despersonalização (estar distante de si
mesmo)
10. Medo de perder o controle ou enlouquecer
11. Medo de morrer
12. Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento)
13. Calafrios ou ondas de calor
-A porta de entrada do panicado é o pronto-socorro. A
pessoa acha que vai morrer.
-Sintomas gastrointestinais também são comuns no pânico.
-A manifestação da ansiedade nem sempre vem de forma clara,
pois vem como sintomas físicos.
Transtorno ou síndrome de pânico
- Ataques de pânico
de forma repetitiva e inesperada
- Pelo menos um dos
ataques foi seguido por período mínimo de um mês com os seguintes
critérios:
Preocupação persistente de ter novos ataques
Preocupação sobre implicações ou consequências dos ataques
como perder o controle, enlouquecer ou ter um infarto
Alterações do comportamento relacionadas aos ataques
Presença ou não de agorafobia associada.
-O psiquismo busca explicações para os ataques de pânico.
Pessoa fica preocupada se está presente onde não há lugares fáceis de escape
(agorafobia). Pessoa começa a restringir a vida.
Critérios Diagnósticos
para Transtorno de Pânico (ansiedade episódica paroxística) segundo critérios
do CID-10
- O indivíduo é
acometido por ataques de pânico recorrentes que não são consistentemente
associados à situação específica ou a objeto e que frequentemente ocorrem
de forma espontânea (ou seja, os episódios são imprevisíveis). Os ataques
não são associados a exercícios ou à exposição a situações perigosas.
- Um ataque de
pânico é caracterizado pelos seguintes critérios:
É um episódio delimitado de intenso medo ou desconforto;
Começa de forma abrupta;
Alcança picos em poucos minutos e dura apenas alguns
minutos;
Pelo menos quatro dos sintomas abaixo devem estar
presentes, um dos quais deve estar entre os itens (a) a (d):
Sintomas de ativação autonômica
Palpitações, “batedeira” ou frequência cardíaca aumentada;
Sudorese;
Tremores;
Boca seca (não devida a medicamentos ou desidratação)
Sintomas que envolvem o tórax e abdome
Dificuldade respiratória
Sensação de sufocamento
Dor ou desconforto no peito
Náusea ou mal-estar abdominal
Sintomas que envolvem o estado mental
Sensação de tontura ou desfalecimento
Desrealização ou despersonalização
Medo de perder o controle, ficar louco, desmaiar;
Medo de morrer.
Sintomas Gerais
Calafrios ou ondas de calor
Parestesias (dormência ou formigamento)
Cláusulas
de exclusão mais comuns. Os ataques de pânico não são resultantes de doença
física, transtorno mental orgânico ou outros transtornos mentais, como
esquizofrenia e transtornos relacionados, transtornos afetivos ou somatoformes.
Transtorno de pânico com agorafobia
Critérios diagnósticos
para agorafobia: DSM-IV
- Ansiedade acerca
de estar em locais ou em situações onde possa ser difícil (embaraçoso)
escapar ou onde o auxílio pode não estar disponível, na eventualidade de
ter um ataque de pânico inesperado ou predisposto pela situação, ou
sintomas tipo pânico. Os temores agorafóbicos tipicamente envolvem
agrupamentos característicos de situações que incluem: estar fora de casa
desacompanhado, estar em meio a uma multidão ou permanecer em uma fila,
estar em uma ponte, viajar de trem, carro ou automóvel. Nota: considerar o
diagnóstico de fobia específica, se a esquiva limita-se apenas a uma ou
algumas situações específicas, ou de fobia social, se a esquiva limita-se
a situações sociais.
- As situações são
evitadas (por ex. viagens são restringidas) ou suportadas com acentuado
sofrimento ou com ansiedade acerca de ter um ataque de pânico ou sintomas
do tipo pânico, ou exigem companhia.
- A ansiedade ou
esquiva agorafóbica não é melhor explicada por outro transtorno mental,
como fobia social (p.ex. a esquiva limita-se a situações sociais pelo medo
do embaraço), fobia específica (p. ex. , a esquiva limita-se a única
situação, como elevadores), transtorno obsessivo-compulsivo (p.ex., a
esquiva à sujeira, em alguém com obsessão de contaminação), transtorno do
estresse pós-traumático (p. ex. esquiva associada a um estressor grave) ou
transtorno de ansiedade de separação (p.ex. esquiva a afastar-se do lar ou
de parentes).
Fobia social
Fobia é o medo persistente e irracional de
objetos específicos, atividade ou situação que não são considerados perigosos.
O portador reconhece que seu medo é excessivo e irracional. Sua característica
fundamental é a esquiva fóbica, ou seja, o indivíduo procura evitar o contato
com os estímulos geradores de ansiedade e, se isso não for possível, apresenta
importantes manifestações de ansiedade que podem tomar a forma de crise de
pânico.
Enquanto a
ansiedade social normal pode permitir ao indivíduo focalizar a atenção e evitar
comportamentos inadequados, os sintomas da fobia social, por definição,
interferem negativamente no desempenho ou causam sofrimento significativo.
(Schneier, 2005).
Dois grandes eixos de
classificação:
-Fobias sociais:
gama grande de situações. Não come em público, não vai banheiro público, não
assina em público.
Medo exagerado e persistente de avaliação negativa feita
por outras pessoas quando o indivíduo se encontra em situações sociais ou de
desempenho. A exposição a essas situações ou mesmo a sua simples antecipação
geram sintomas físicos de ansiedade que podem se intensificar e gerar uma crise
de pânico.
Sintomas autonômicos como rubor, sudorese, tremores e
taquicardia podem estar presentes.
Presença de ansiedade antecipatória e comportamento evitativo.
-Afiançamento: o
fóbico pede para outras pessoas irem com eles a determinados lugares que lhe
parecem aflitivos.
-Transtorno de
stress pós-traumático: desenvolvido a partir de uma situação traumática
real, específica.
Fobia social
Situações comuns: participar de festas ou reuniões, ser
apresentado a alguém, iniciar ou manter conversas, falar com pessoas em posição
de autoridade, receber visitas em casa, ser observado durante alguma atividade
(comer, beber, falar, escrever, votar, usar o telefone), utilizar banheiros
públicos, ser alvo de brincadeiras ou piadas, outros temores são o de poder vir
a vomitar, tremer, suar ou enrubescer na frente dos outros.
A evolução é crônica e sem períodos de remissão, o que
resulta em incapacitação cumulativa importante. O início precoce compromete a
aquisição normal de habilidades sócio educacionais em um período crítico da
adolescência.
-O que caracteriza a fobia é a permanência de sintomas.
-Fobia começa na infância.
-Terapia cognitivo-comportamental funciona bem para fobias.
Fobias específicas
-Correspondem a fobias isoladas, restritas a situações ou
objetos específicos, como certos animais ou insetos, altura, trovão, escuridão,
andar de avião, espaços fechados, certos alimentos, tratamento dentário, visão
de sangue e ferimentos, etc.
-Crise de ansiedade na fobia é muito intensa.
Transtorno obsessivo
compulsivo - TOC
-A característica principal do TOC é a recorrência de
pensamentos obsessivos e atos compulsivos.
-Pensamentos
Obsessivos são ideias, imagens ou impulsos reconhecidos como do próprio
indivíduo que invadem a consciência de forma repetida e estereotipada, causando
mal-estar, levando a pessoa a procurar afastá-los, porém sem sucesso.
-Compulsões
são comportamentos estereotipados, repetidos, que não levam à conclusão de
nenhuma tarefa. Têm a função de prevenir que algum evento desagradável, pouco
provável aconteça. O paciente reconhece o absurdo de sua atuação, procura
resistir, mas não consegue controlar.
Compulsões mais frequentes:
-Limpeza ou desinfecção; Verificação; Contar ou repetir um número
mágico de vezes, por ex. 33 por ser a idade de Cristo; Tocar determinados
objetos um certo número de vezes ou seguindo uma sequência determinada; Ordenar,
organizar seguindo regras próprias; Colecionismo, acúmulo de objetos.
Sintomas que devem
estar presentes:
-Esquiva; Lentificação; Rituais cognitivos: a pessoa
procura corrigir as obsessões com a imaginação; Antecipações de catástrofes:
obsessão de dúvida acompanhado da imagem de catástrofe. Ex: dúvida sobre o
desligamento do gás e imagem da casa explodindo.
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