Resumo da aula de PE (08/11)
Postado em Psicopatologia especial
-Síndrome do cólon irritado: crônico, tem diarreia, perde
vitaminas, não tem base orgânica, a alteração pode produzir mudanças no órgão.
-Os indivíduos devem ter passado por pelo menos três
filtros obrigatórios:
- Busca pelo auxílio
médico mediante a presença do sintoma;
- Reconhecimento
como quadro de natureza psíquica pelo médico;
- Encaminhamento
para serviço de saúde mental.
Subtipos segundo classificação do CID-10:
• Transtornos da Somatização (F45.0)
• Transtorno Hipocondríaco (CID 10) ou Hipocondria (DSM-IV)
• Transtorno Dismórfico Corporal (DSM-IV) ou Dismoforfobia
(CID-10)
• Transtorno Somatoforme Doloroso persistente (CID-10) ou
Transtorno Doloroso (DSM-IV)
• Transtorno Neurovegetativo Somatoforme (CID-10)
• Transtorno Somatoforme Indiferenciado, outros Transtornos
Somatoformes (CID-10) e Transtorno Somatoforme sem outra especificação.
• Síndromes Funcionais
-Os sintomas decorrem de conversões histéricas/estruturas
histéricas de personalidade. A pessoa passa por questões de stress crônico, o
que produz uma energia que não é metabolizada pelo psiquismo por falta de
tempo. O excedente dessa energia é convertido/dirigido para um órgão ou
enervação somática. Tem uma base depressiva, em geral se trata com psicoterapia
e antidepressivo. O manejo clínico é difícil, pois a pessoa acredita que a base
é orgânica e tem dificuldade de simbolizar.
Transtornos da Somatização (CID-10, F45.0)
- História de um ou
mais anos de queixas físicas múltiplas e ausência de doenças físicas que
justifiquem os sintomas ou o grau de prejuízo a eles associados.
- Angústia com os
sintomas leva a uso repetido de serviços de saúde formais ou alternativos;
- “B” se mantém mesmo
com o reasseguramento médico;
- Seis ou mais
sintomas em dois ou mais grupos diferentes (gastrintestinais,
cardiovasculares, geniturinários, cutaneodolorosos).
- Os sintomas não
são explicados por outro transtorno mental.
Transtorno Hipocondríaco (F45.2)
- Crença por seis
meses ou mais na presença de até duas doenças físicas sérias. A vivência é
de um corpo que não se sustenta.
- Preocupação com
“A” causam angústia ou interferência na vida diária e levam a busca por
ajuda de serviços de saúde formais ou alternativos.
- Recusa ou
relutância em aceitar o reasseguramento médico.
- Os sintomas não
são explicados por outro transtorno mental.
• Dismorfofobia (corporal) (não-delirante);
• Hipocondria;
• Neurose hipocondríaca;
• Nosofobia.
Transtorno Doloroso SF persistente (F45.4)
- Dor persistente,
grave e angustiante por, pelo menos seis meses e continuamente na maioria
dos dias, sem explicação adequada pela evidência de processo fisiológico
ou distúrbio físico e que é o principal foco de atenção do paciente,
- Os sintomas não
são explicados por outro transtorno mental.
- Incluí: Cefaleia
psicogênica, dor psicogênicas da coluna vertebral
Transtorno Neurovegetativo Somatoforme (CID-10)
- Aerofagia, colón
irritável, diarreia crônica, dispepsia, disúria, flatulência,
hiperventilação, piloropasmo, polaciúria, soluço, tosse, neurose gástrica.
- Em geral, os
quadros são polisintomáticos e vêm acompanhados por sintomas
neurovegetativos ou queixas difusas.
- Não pode haver
queixas de lesão orgânica e não é exigida, embora comum, a relação com fatores
psicossociais.
Transtorno Somatoforme
Indiferenciado, outros Transtornos Somatoformes (CID-10) e Transtorno
Somatoforme sem outra especificação.
-Essas três categorias representam “resíduos” não
alcançados pelos diagnósticos anteriores.
Transtornos
Somatoformes Indiferenciados
Apresentação
somatoforme polissintomática e causadora de sofrimento e busca de auxílio
médico, porém sem preencher os critérios para transtorno de somatização ou para
outros transtornos somatoformes. Forma mais branda de Transtorno da
Somatização, porém sem a mesma consistência conceitual que justifique
empiricamente os critérios que a definem. Disfagia psicogênica, incluindo
"bolo histérico“, dismenorréia psicogênica, prurido psicogênico, ranger de
dentes,torcicolo psicogênico.
Transtorno Somatoforme sem outra especificação
. Fibromialgia
• Dor generalizada nos quatro quadrantes do corpo pelo mínimo
de três meses.
. Sindrome do Collon Irritável
• Doze semanas, consecutivas ou não, nos 12 meses anteriores,
de desconforto ou dor abdominal com pelo menos duas das seguintes
características:
Melhora com a evacuação; e/ou início associado com mudança
de hábito intestinal; e/ou início associado com mudança na consistência das
fezes.
Transtornos
dissociativos (ou conversivos)
-Funcionam individualmente; relacionado às formações
reativas para ter civilidade.
Fenômenos
Dissociativos
As características em comum compartilhadas pelos
transtornos dissociativos (ou conversivos) (TDCs) são a perda parcial ou
completa da integração normal entre memória, consciência da própria identidade,
sensações e controle dos movimentos corporais (WHO, s/d).
O termo
foi popularizado por Pierre Janet por volta de 1880, para designar
“desagregações psicológicas”: perda da unidade de funcionamento da
personalidade humana, com o desprendimento de uma parcela autônoma que
originaria diversos automatismos motores ou sensoriais fora do controle
consciente (Janet, 1889).
Conceito (DSM-IV)
A mente é
composta por um sistema com vários módulos em constante interação, originando a
unidade da consciência. Em situações normais, há integração entre esses
módulos, mas na dissociação esses sistemas cognitivos começam a perder sua conexão
e podem funcionar de modo autônomo.
(DSM-IV): “uma
ruptura nas funções habitualmente integradas da consciência, memória,
identidade ou percepção do ambiente” (APA, 1994).
Conceito
Cardeña (1994):
• Dissociação como módulos mentais semi-independentes:
coexistência de sistemas mentais separados que deveriam ser integrados na
consciência, na memória ou na identidade do indivíduo: transtornos de
personalidade múltipla, estados de transe e flashbacks de memórias
traumáticas.
• Dissociação como perda da conexão entre o indivíduo e o
ambiente ou o “eu”: desrealização e despersonalização.
• Dissociação como mecanismo de defesa inconsciente: amnésia
dissociativa, la belle indiference e fuga dissociativa.
Características clínicas
Origem
Psicogênica apresentando estreita relação temporal com eventos traumáticos,
problemas insolúveis ou intoleráveis ou relações pessoais deterioradas de forma
grave. O termo “conversão” relaciona-se ao princípio de que problemas psíquicos
não solucionáveis foram “convertidos” em sintomas físicos. Tais pacientes
costumas apresentar a marcante negação de problemas e dificuldades pessoais que
são evidentes para os outros. (WHO, s/d; Hurwitz, 2004).
• CID-10: o início e o término dos estados dissociativos são
comumente súbitos, tendem a remitir em horas, dias ou em poucas semanas,
particularmente se o início se associou a situações traumáticas.
Subtipos:
- Amnésia dissociativa (F44.0): esquecimento de algum momento da
vida; pode ser temporário; pode estar relacionado a identidade.
- Fuga Dissociativa (F44.1): pessoa muda de identidade e
esquece da anterior; tende a ser transitório (volta a lembrar).
- Estupor Dissociativo (F44.2): pessoa fica robotizada;
desafetiviza; fica em uma realidade paralela; está ali, mas não está.
- Transtornos de Transe e Possessão (F44.3): possessões histéricas; pessoa
encarna uma entidade X.
- Transtornos Dissociativos do Movimento e
Sensação (F44.4 a 44.7):
ronquidão histérica, cegueira histérica, crises que parecem convulsões,
paralisias.
- Síndrome de Ganser (F44.80): amnésia para cálculos
aritméticos.
- Transtorno de Personalidade Múltipla (F44.81):
- Síndrome de
Despersonalização-Desrealização
(F48.1): vivência temporária que está em um filme; o que está acontecendo
não é real; ela não está no corpo.
Transtornos Mentais relacionados ao álcool e substâncias
psicoativas
-Historicamente o uso de substâncias psicoativas esteve
ligado à finalidades curativas, religiosas, culturais e de lazer. Os primeiros
registros datam referem-se ao uso da fibra da maconha em tecidos na China, há
cerca de 6.000 anos e, há cerca de 4.000 anos o uso do ópio e álcool entre os
egípcios.
-Um dos marcos importantes da história contemporânea das
substâncias psicoativas é a caracterização da dependência química como uma
doença multicausal de evolução crônica caracterizada por recaídas frequentes.
-O que define o adicto não é a quantidade, mas sim o tipo
de relação que se estabelece.
-Os quadros de intoxicação, abuso e dependência de álcool e
outras substâncias psicoativas, caracterizam-se por uma forma particular de
relação entre os seres humanos e as substâncias químicas que apresentam ação
definida sobre o sistema nervoso central (SNC) e, consequentemente, sobre o
psiquismo (Meyer, 1996; Camí; Farré, 2003).
-Substância Psicoativa é qualquer substância química que, quando ingerida,
modifica uma ou várias funções do SNC, produzindo efeitos psíquicos e
comportamentais. São consideradas substâncias psicoativas: álcool, maconha,
cocaína, café, chá, diazepan, nicotina, heroína, etc.
Neurobiologia
-As sensações de prazer ou excitação produzidas por estas
substâncias estão vinculadas às chamadas áreas de recompensa do cérebro responsáveis
por atribuir prazer a um determinado comportamento.
-Toda vez que um estímulo recompensador é apresentado ao
indivíduo – alimentos, sexo, drogas, água, convívio social – há liberação de
dopamina nas regiões –alvo (córtex pré-frontal e núcleo acumbente).
-Os estímulos artificiais oferecidos pelas substâncias
aditivas sobre o sistema de recompensa leva a uma produção de dopamina de duas
a dez vezes maior que qualquer outro estímulo recompensador natural, o que
propicia o estabelecimento da adição.
-O mecanismo de prazer gerado pela droga é muito rápido e
absorvido pelo sistema límbico. A dificuldade de sair disso é de que não há
nada que combata isso.
Fenômenos
neurobiológicos que integram a adicção ou dependência:
• Intoxicação: síndrome
reversível específica – alterações comportamentais ou mentais, como prejuízo do
nível de consciência e outras alterações cognitivas, beligerância (pessoa
briguenta, irritada), agressividade e/ou humor instável – causada por
substância psicoativa.
• Abuso: uso recorrente ou
contínuo de uma substância psicoativa, lesivo ou mal adaptativo levando a
prejuízos ou sofrimento clinicamente significativos. Os prejuízos refletem na
vida familiar do sujeito, fracasso escolar, brigas, etc... Envolvimento
recorrente em situações nas quais há perigo para a integridade física do
sujeito: dirigir veículos, atividade sexual com desconhecidos, operar máquinas,
etc.
• Uso nocivo: mais
restrito do que o abuso, refere-se a um padrão de uso que causa danos à saúde
física (esofagite ou hepatite alcoólica, bronquite por tabagismo) ou mental
(depressão) (OMS, 1993).
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