Resumo da aula de PF (29/02)
Postado em Psicologia Fenomenológica
-Hegel: precursor da fenomenologia.
Trouxe discussões como fenomenologia do espírito, falando de algo diferente que
o ser humano tem e não adianta a ciência ficar cartesiando. Pessoas acharam que
ele estava “se perdendo”. A sensibilidade que temos é, muitas vezes, ignorada
pela ciência. O “diferente” é a intuição. Ciência não dá crédito para isso,
pois não é “provável”.
-Husserl: vem da matemática e
sistematiza (objetiva) as ideias de Hegel, tentando criar um método para se
portar diante de um indivíduo. Propõe uma reformulação ao olhar da Psicologia
trazendo a noção de intencionalidade e o método fenomenológico como leitura
para se compreender o fenômeno.
-Não
agimos ao acaso, para tudo há um motivo. A Psicologia conversa com quem age. O
desafio é que nem sempre a pessoa sabe a intenção. Temos responsabilidade pelos
nossos atos, mesmo não sabendo. Utilização do método fenomenológico para que a
leitura do outro seja embasada.
-O
método fenomenológico propõe cuidados para não interferir no tratamento.
-Intencionalidade,
movimento que nos induz a atitude e respeito ao método.
-Abona
(no sentido de não ficar preso a; se aventurar a conhecer o indivíduo
independente da queixa, não ficar encaixando-o nas teorias prévias que já temos
conhecimento) a ideia de uma teoria prévia do conhecimento humano, propõe sim
uma abertura ao conhecimento e à descoberta do ser.
-Causa
insegurança porque não oferece uma prática que conduza a procedimentos
predeterminados, parecendo ser muito livre, o que pode gerar falta de cuidado.
-A fenomenologia
não nega que os transtornos existam, mas além deles, existe uma pessoa. É necessário
investigar e não partir para a comodidade de classificar, enquadrar.
-As
técnicas fenomenológicas são sustentadas no seu estudo e aprimoramento para se
adaptar à realidade da pessoa (como se portar, como formular uma pergunta).
Trabalha muito com a experienciação (ajudar que o sentimento apareça, além da
explicação intelectual). Não é uma técnica predeterminada, e sim construída
através dos nossos conhecimentos.
-Ser-aí:
ser no mundo se relacionando consigo e com os outros (vivendo).
-Ser-com-os-outros:
ser se relacionando com os outros.
-Ser-para-o-fim:
ser em contato com a morte.
-Ser-em:
ser para o mundo e relação com temporalidade.
Principais ideias de Husserl:
-Ressalta
a importância de um método de estudo do ser-aí com rigor e cautela: cuidado com
predefinições. As perguntas devem ser exploratórias, não direcionar a algo “esperado”.
-Enfatiza
a intencionalidade como mobilizadora do ser e necessária de se conhecer,
adotando-se postura “analítica” e “reflexiva” para se chegar às coisas mesmas
(essência, origem): a análise é construída na relação com o outro, a partir do
que ele diz (e não ao que achamos). Não é o que a teoria afirma, e sim o que a
pessoa fala e vivencia. O importante é fazer sentido para a pessoa.
-Acredita
que o ser não é estático, mas sim se constitui a partir das vivências e
sentidos atribuídos por ele no decorrer de sua vida.
-Abandona
a concepção naturalista do ser humano para a adoção de uma atitude antinatural
ou epoché (atitude antinatural que evita o pretenciosismo), mas dar ênfase aos
fenômenos que se manifestam e abandono da atitude natural e ingênua: a
concepção naturalista pode ser exemplificada pelo mau uso da teoria de Piaget
(classificar todos por fases ou estágios). Devemos estar abertos aos fenômenos
que acontecem (aprender a olhar para pessoas e compreendê-las). O naturalista
fragmenta quando estabelece categorizações. A ciência se baseou no natural
(previsível, controlado). Temos que tomar cuidado com esta visão simplista.
Principais ideias de Husserl a respeito da
Psicologia:
-Propõe
no método a suspensão temporária dos pressupostos e ideias prévias e abertura a
descoberta do ser e sua dinâmica permanente.
-Inicia
com uma crítica à ciência e sua conduta limitada diante do ser: excesso de
objetividade e pouca contribuição prática dessa ciência. A pergunta da fenomenologia
é “como acontece?” E envolve a exploração para a pessoa. A razão surgirá
depois.
-A
ênfase na busca da verdade absoluta no fazer científico, à necessidade de
mensuração dos fenômenos psíquicos e à atribuição de natureza psicofísica ao
seu objeto de estudo. Daí quase sempre inferirem acerca dos fenômenos. A
crítica da fenomenologia é que a ciência tradicional se apegou demais a isso.
-Dois caminhos propostos:
1) Redução eidética: busca da essência das
coisas, do que é invariável (repetição comum de a pessoa trazer), redução ao
que é. Como uma limpeza dos atos para se aproximar do indivíduo. Tentar ao
máximo chegar à essência. A repetição / invariável não é o que não muda, mas o
que nos chama atenção, que se repete muitas vezes na pessoa (sentimento,
comportamento).
2) Redução fenomenológica: suspensão de
concepções, julgamentos diante da compreensão do fenômeno, atendo-se às
evidências que se apresentam à consciência. Usamos a consciência (de estar
aberto a algo, abertura a determinadas experiências), seguido pela
intencionalidade de responder a experiência.
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