terça-feira, 5 de abril de 2016

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Resumo da aula de PJ (01/04)

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-Violência: acaba sendo uma forma de negociação através do uso do “poder” físico, financeiro, psicológico ou status quo.

Formas de estruturação da violência
-Estrutural: estado, através de desigualdade social, violência como uma forma de negociação para viver, dar conta de situação de vulnerabilidade. (Exemplo: pobreza, pois na nossa cultura, para sermos alguém, precisamos “ter”. Tomo de quem tem para ter também e pertencer). Faz parte da nossa vida sem que percebamos. Vem de uma desigualdade principalmente de poder físico, financeiro. Características da nossa sociedade como nomeação de poder: homem, branco e rico.
-Intrafamiliar: nas relações afetivas e consanguíneas, amigos de muitos anos, esposa, relação afetiva. É duradoura. A diferença para doméstica é o local onde ocorre
-Doméstica: local comum de convivência. Se a violência ocorreu lá, é doméstica, mesmo sem ligação afetiva e sanguínea. Não depende do tipo de relação.
-Gênero: crianças, adolescentes, idosos, mulheres - conjunto de papéis estipulado socialmente (gênero). Espera comportamentos e o que foge disso se exclui, rotula e se entrega  Acontece em todas as esferas.

Formas de manifestação de violência
-Física: negligência (deixa de ofertar cuidados básicos para o desenvolvimento físico), maus tratos (relação assimétrica). Todo ato intencional que tende uma a relação assimétrica para coibir ou causar algum tipo de dano ou ferimento com o uso da força física.
-Sexual: não é caracterizada apenas pela relação sexual. Processo de sedução, manipulação, conquistar confiança e introduzir aspectos de conteúdo sexual, já caracteriza abuso sexual. Temos que pensar os impactos psicológicos que advém disso: qual a relação do abusador com a criança/adolescente? Na maioria dos casos, o abusador é uma pessoa de confiança inimaginável da família e está muito próxima (pai, tio, avô). Pode ocorrer em qualquer família, independentemente da localização ou posição social. Encontramos baixa coesão familiar (os familiares não conversam, não estabelecem relações de respeito), questões de hierarquia (exemplo: criança denuncia e mãe nega por medo de perder o marido, pois ele sustenta). Não é a criança que coloca um valor moral sobre o assunto, pois é uma pessoa que ela confia, que gosta dela e está fazendo carinho. O adulto cria mais trauma na criança, que o ato em si. Há famílias que escondem o ato, que culpabilizam a criança e isso é prejudicial.
-Psicológica: todo ato, do qual, por uma questão de poder (assimétrica), cria-se comportamentos de desvalidação, de diminuição do outro, causa danos na autoestima. Desconstrói uma relação de segurança e desvalida comportamentos básicos do outro. Chega um momento em que a pessoa toma a fala do outro como verdade e reproduz essa fala de desvalidação. Então, o agressor se torna o salvador (exemplo: “ele ainda me quer, mesmo eu sendo horrível”).
-Moral: réplica da violência psicológica de maneira potencializada e aberta (exposta às pessoas). Estrutura de difamação exposta.
-Patrimonial: destituição ou destruição dos bens pessoais de alguém.
-Destituição do poder familiar: negligência ou pobreza não são suficientes. Para isso ocorrer, é necessário um conjunto de fatores de risco. A adoção só ocorre com a destituição familiar por ambos os pais.

-A lei Maria da Penha foi escrita em 2006 e vem de um processo de construção desde 1988 (garantia de direitos iguais, evitar processos de violência e exclusão). Foi preciso que uma instituição internacional intervisse e fizesse valer algo que estava previsto desde 1988 e só foi legalizado em 2006. Os tipos de violência estão descritos nessa lei.
-Para mudar todo esse cenário de violência, é necessário educar a respeitar o outro.
-A violência na nossa cultura é uma forma de educação. Se considerarmos o abusador como vítima também, todo nosso olhar muda. Geralmente são reprodutores de violência (já sofreram no passado).

Medidas protetivas
-Acolhimento: entender a situação.
-Encaminhamento adequado: CRAS (identificada as questões necessárias para a família, serão atendidas para conter a situação de vulnerabilidade), CAPS (caso haja algum dependente químico, para tratamento ou internação)
-Colocação em família substituta: a rede mais próxima que a criança tiver, caso os pais sejam internados, por exemplo. É uma guarda temporária até que os pais tenham condições mais rentáveis para reaver os filhos. Se não há família substituta, a criança será abrigada (não pode exceder 2 anos, porém o prazo pode ser renovado – a cada 6 meses o abrigo elabora um relatório como está o estado da criança: convivência, se a família visita). O processo ideal seria um atendimento psicossocial, mas encontramos uma carência para dar conta do volume (o sistema não dá conta da manutenção ou capacitar profissionais para trabalhar com isso).
-Adoção: Enquanto o poder familiar não for destituído, a criança não pode ser adotada.
-Sempre prioriza convívio familiar e recuperação dos laços familiares por que pressupomos que manter no ambiente familiar é um processo com menor dano do que colocar em um local novo que exigirá adaptação. Destituição do poder familiar, colocação em família substituta e adoção são as últimas medidas a serem tomadas. Em casos de extrema vulnerabilidade e risco, o mais saudável é encaminhá-la para família substituta ou adoção.

Violência cíclica
1ª fase: construção da tensão (violência psicológica, verbal).
2ª fase: acúmulo da tensão, ação e explosão desta (violência física).
3ª fase: pedidos de desculpas (culpabiliza a vítima).
4ª fase: lua de mel (comportamento muda, parece início de relação, até iniciar novamente o ciclo).
-Relação da violência cíclica é patológica, tem dupla dependência, um depende da validação do outro e sofrem por isso.
-A repetição do ciclo fica cada vez mais intensa e generalizada. A agressão fica mais intensa, potencializada.
-Quando não tem tratamento ou encaminhamento adequado, o ciclo só termina com a morte.
-Diferença entre negligência e pobreza: intencionalidade. Na negligência, os pais não passam necessidade. Na pobreza, todos passam necessidade.


Texto que trata sobre a violência cíclica: da 6ª vez não passa.

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