quarta-feira, 23 de novembro de 2016

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RESUMÃO: Psicologia Cognitiva

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Psicologia Cognitiva – NP2
Terapia cognitiva construtivista
-O nosso processo de construção de significado é realizado numa interface entre cognição, emoção e experiência, a partir da participação ativa do indivíduo.
-Isso forma um conjunto de crenças que sustenta o processo de julgamento, tomada de decisões e ações do ser humano. As ações, os julgamentos e as decisões passam pelas crenças, geradas a partir do que sentiu, pensou e experienciou.
-Um dos três pilares tem uma força maior: emoção. É uma teoria emocional.
-As concepções construtivistas pressupõem que o ofício da significação se encontra subordinado à influência de emoções, e não dialética razão.
 -Ou seja, é através dos elementos proprioceptivos (sensações) e das estruturas vivenciais (que interpretam os estímulos da experiência) que ocorrerá o processo de atribuição de significados.
-Em uma experiência nova, o significado é mais baseado no que sente (biológico, visceral, emocional, sentimental). Sente antes e pensa depois (milésimo de segundos).
-O funcionamento cognitivo se caracterizará pelo mundo exterior e sua transposição, atribuindo significados que, muitas vezes, não são originários do estímulo em si. O significado transpõe a realidade, o significado do mundo não é só o significado do objeto, mas sim a transposição dele.
-Assim, a realidade interna da pessoa é vista como derivada do modo como o indivíduo sente emocionalmente o mundo, e não só a maneira racional.
-O conhecimento é o fruto de uma organização pessoal, arquitetada e organizada por cada pessoa.
-Existem dois tipos globais e complexos de atribuição de sentidos. Retratando a maneira como nosso organismo organiza-se em suas trocas com o mundo.
1- Processamento conceitual: percebido através da nossa razão e raciocínio lógico.
2- Processamento vivencial: significados gerados advém de uma percepção e leitura dos conteúdos corpóreos, estando em uma condição quase total de pré-conceitualidade e inconsciência.
-Trocamos informações com o mundo através desses dois processamentos.

-Teorias construtivistas em psicoterapia divididas em duas variantes, diferentes conceitos do significado realidade:
1. Construtivismo radical: posição idealista, como filosofia, afirmando não há realidade além da experiência pessoal. Exemplo: “não sou o que penso de mim, mas o que experienciam de mim”.
-Sente, e essa é a realidade, não existe uma externa.
-Conhecimento refletido pela expectativa tal qual construímos.
-Maturana e Varela utilizam conceito autopoiese (sistema de auto organiza constantemente).
-Só admite experiências pessoais, não a realidade externa em si.

2. Construtivismo crítico: não nega a existência de mundo real, mesmo que não possamos conhecer diretamente. Não lê a realidade pura, porque não se desvencilha da sua percepção, não entra em contato direto, passa pelas emoções e significados da pessoa. Passa por viés emocional que é próprio da pessoa. Realidade sentida de maneira pessoal.
-O indivíduo é co-criador da sua realidade pessoal. Realidade externa existe objetivamente, porém o conhecimento desta jamais será objetivo, e sim as próprias percepções e experiências.
-Destaque: Vittorio Guidano e Óscar Gonçalves.

-É indicada quando o objetivo é compreender a “construção de significados” que o indivíduo realizou ao longo da vida e provavelmente causando sofrimento.
-Foco sobre esquemas emocionais orientam tal “construção” e as narrativas que o paciente faz sobre sua história de vida e experiências atuais.
-“A prioridade é o indivíduo e sua história, não a observação externa, o diagnóstico ou a aplicação da técnica na realização de uma psicoterapia científica” (ABREU, C. 2003).
-Diagnóstico, generalização de dados e técnicas, importantes, mas não o foco.
-Psicoterapia construtivista é recente no Brasil.

-Visão piagetiana: desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório-motor até o operatório abstrato. Propondo através que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo descoberta e construções de conhecimento.

-Para construir conhecimento, concepções combinam-se informações de meio, conhecimento não descoberto espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica, meio externo ou adultos.
-Conhecimento resultado de interação, sujeito sempre elemento ativo, procurando ativamente compreender o mundo, buscando resolver as interrogações que o mundo provoca.
-É aquele que aprende basicamente através das próprias ações sobre objetos do mundo, constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo em que organiza seu mundo.
-Não é o sujeito que espera alguém que possui conhecimento, transmita em ato de bondade.

Terapia cognitiva construtivista
-Para construir conhecimento concepções combinam-se informações meio, conhecimento não descoberto espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica meio exterior ou adultos.
-Conhecimento resultado de interação. Sujeito procurando ativamente as concepções do mundo.
-Não é um sujeito que espera alguém que possui conhecimento que transmita em um ato de bondade.
-Nasce contra visão mecanicista e ordenada, cognoscível, cujas formas/funções podem ser refletidas sobre mente humana e seus produtos.
-Em psicoterapia, interessados em eximir julgamentos de realidade pessoal do cliente por critérios externos de racionalidade/objetividade.
-O referencial não é externo, é construído junto, contínuo e ativo por parte do sujeito e mundo.
-Rejeita o DSM-IV pela aplicação excessiva de níveis rejeitam/subordinam maneiras alternativas de compreender o cliente. O foco é nos esquemas estruturais emocionais (como emocionalmente construiu).
-Colocando-se no mesmo nível, como modelos de funcionamento psicológico alternativos e viáveis.

Terapia cognitiva narrativa
-GONÇALVES, O. PSICOTERAPIA COGNITIVA NARRATIVA: MANUAL DE TERAPIA BREVE. CAMPINAS: EDITORIAL PSY, 1998.
-Ao procurar apresentar-se alternativa modelos racionalistas/mecanicistas dominantes na Psicologia, a psicologia narrativa obriga redefinição de grande parte dos seus pressupostos epistemológicos.
-Essa epistemologia se sustenta em 4 pilares:
1. Existência como conhecimento: indissociação entre conhecimento e experiência.
-Revolução cognitiva em 1950: estruturas, processos e conteúdos envolvidos na construção do conhecimento.
-Temática de processos por intermédio por quais seres vivos constroem e transformam conhecimento, assimilação passiva e pró-ação ativa.
-Tem qualquer ser vivo, a existência não pode ser dissociada do conhecimento (por existir, já conhece – não é algo que vem de fora).
-Todos os seres vivos conhecem, reconhecem, transformam e transformam-se no decurso da sua existência.
-Trata-se da passagem da visão estritamente epistemológica (cognitivismo) para a visão existencial.
-Procura organização hierárquica de elementos fundamentais (esquemas cognitivos, pressupostos filosóficos, estruturas cognitivas, mecanismos tácitos, constructos pessoais da psicologia) e dá lugar a apreciação da matriz relacional da experiência como elemento indissociável do conhecimento.
-Nega o cognitivismo.

2. Conhecimento como hermenêutica
-Ideia que todo conhecimento (e por implicação, toda existência) tem natureza inerentemente hermenêutica. A hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura compreender um determinado texto.
-O processo de substituição de modelos retroativos sensorialistas por modelos ativos motores acentuou a ideia de que o sujeito constrói a realidade por processo de codificação ativa. Interpreta e tira significado daquilo, num processo ativo.
-A construção simbólica da realidade corresponde ao processo de significação que opera através da imposição de processos hermenêuticos.
-O fenômeno psicológico situa-se no nível de construção ativa de significado e do processo por intermédio do qual esse significado constitui a realidade psicológica dos indivíduos.
-Compreender o comportamento humano é essencialmente compreender os sistemas interpretativos utilizados pelos sujeitos no sentido de expandir, dar significado a experiência.
-Mas aqui a proposta hermenêutica surge com significado diferente da procura / encontro de significados. Não vem só com significado de procurar significado, vem como resposta conjunta de buscar significado.
-Hermenêutica nasce com a interpretação de textos sagrados, mais tarde, textos legais.
-Só recentemente, no final do século passado, se liga a interpretação do discurso individual (psicanálise).
-Cada um destes casos, a hermenêutica procura interpretar ou levar o indivíduo a interpretar com base em pressupostos existencialistas construídos aprioristicamente.
-A multiplicidade de existência nas suas diversas vertentes remete a miríade de significados, desdobramentos complexos / múltiplo de conhecimento.
-Segundo Shotter (1995), vivemos num mundo vago, parcialmente especificado, instável e em desenvolvimento.
-Esta dimensão de inespecificidade dá espaço para dimensão criativa e hermenêutica do conhecimento humano.
-Por mais paradoxal que pareça, a realidade especifica-se e adquire dimensões maiores de estabilidade, não por referência ao mundo externo, mas pela subjetividade hermenêutica individual.
-Impõe coerência interpretativa do caos multi-potencial do mundo. Sentido subjetivo cria estabilidade.
-A ordem/regularidade corresponde sobretudo a necessidade psicológica de dar ordem, sentido de coerência existencial.
-Onde não compreendemos, nos angustiamos.
-A definição do mundo único estável através da sacralização de uma pretensa hiper-realidade, é negação profunda de multirrealidade.

4. Fundamentos para psicologia narrativa
-O discurso feito no contato interpessoal está situado em uma cultura. O significado só pode ser entendido porque tem um significado mais amplo (contexto). O lugar que está que determina o significado.
-Então narrativas são formas de significação que operam num contexto, no espaço de interindividualidade.
-As narrativas que dão sentido a existência, tornando comum a cultura, o diálogo.

Fundamentos de uma psicoterapia narrativa
-No contato com o terapeuta, cria uma comunidade conversacional (troca de diálogos) para ampliar significados, através de múltiplas vivências, onde os discursos se encontram. Não é corrigir ou adaptar, é ampliar/maximizar significados através do discurso.
-Todas as angústias e vivências são colocadas no discurso, onde serão ampliados os significados e criadas novas possibilidades de pensar amplamente.
-A Terapia Cognitiva Narrativa tem o objetivo de levar o cliente a construir na interação com o terapeuta, uma comunidade conversacional, realidade múltipla de experiências sensoriais, emocionais, cognitivas e de significação.
-A ideia é capacitar o cliente a construir um discurso narrativo rico em termos de multiplicidade, complexidade, coerência, adaptativo a exigências impostas pela sociedade complexa e multi.
-Últimos anos psicoterapias cognitivas testemunhado considerável evolução.
-Desenvolvimentos mais recentes, destaque ao papel atribuído narrativa como elemento central construção conhecimento e implicações clínicas.
-Perturbação psicológica provocada pela incapacidade de dar conta da diversidade/potencialidade da experiência através da organização de um discurso narrativo diversificado, complexo e coerente. Se o mundo é muito complexo, se não damos conta da diversidade e potencialidade de experiências que o mundo oferece, se não conseguimos criar um discurso lógico para a experiência, teremos uma perturbação psicológica.
-Cliente assume a existência de uma realidade externa/interna absolutas, insubstituíveis. Aí está o erro, pois não consegue perceber mudanças.
-“Assume” que não tem saída. Os significados são sempre múltiplos, o limite do conhecimento se dá a existência. Existir é conhecer. Não pode ser encaixado no DSM-IV, pois não pode ser limitado a isso.
-O terapeuta é um facilitador, guia de novos contextos e narrativas.
-A perturbação vem da dificuldade de organização de uma experiência numa narrativa coerente.
-Ao invés de ver a realidade como processo de negociação interpessoal de possibilidades múltiplas, assume a responsabilidade de único construtor desta realidade.
-Resultando em desânimo e singularidade:
-Desânimo por incapacidade de poder prever múltiplas possibilidades de negociação para experiência sensorial, emocional, cognitiva e significações. Não perceber que existem outras formas, além da parte limitada.
-Singularidade pela estranheza em ver-se diferente dos outros nessa construção de experiência.
-A psicoterapia narrativa procura responder estes problemas através da facilitação da construção narrativa. O terapeuta não é um corretor, é um facilitador para a estimulação da criação de novas narrativas por parte do cliente.
-Proporciona uma elaboração narrativa múltipla de conteúdo, processualmente mais complexa e estruturalmente mais coerente, num contexto de elaboração discursiva e conversacional com terapeuta/comunidade linguística do cliente. Novas possibilidades de experiências, vivências, narrativas serão criadas de forma que faça sentido para ele. Terapeuta cria espaço para isso, mas não conduz.

A recordação
-Não há narrativa sem recordação. Não há como narrar sem se lembrar.
-Memória semântica (significado das coisas), memória episódica (momentos/episódios da vida).
-Capacidade de singularizar episódios significativos da vida que faz cada indivíduo autor própria narrativa.
-Ter uma existência narrativa é ser capaz de recordar, sincrônica/diacronicamente (saber que o outro também influenciou), múltiplos episódios da vida.
-Recordar é sinônimo de construção de sentido de coerência através da diversidade de experiência.
-Em suma, através da recordação, procura capacitar o cliente a abertura à experiência e para o desenvolvimento inicial com maior sentido de coerência na elaboração narrativa.

A objetivação
-Cliente é levado a experienciar a multiplicidade de realidades externas através de toda dinâmica disponibilizada por capacidades sensoriais. Através da capacidade de sentir, vai ser levado na terapia a várias formas de sentir o que acontece lá fora. Criar novas realidades possíveis. Recordar situações e levar o cliente a sentir de outras formas, objetivar a situação.
-Realidade constitui um incomensurável menu que o cliente em perturbação raramente desfruta.
-Terapeuta encoraja o cliente para a objetivação de cada recordação episódica diária, para perceber a complexidade das experiências. Desde do momento que acordou, cada detalhe, todas as sensações (físicas e psicológicas).
-Cliente vai progressivamente se dando conta de que a realidade é um contexto possibilitador de uma grande diversidade de experiências.
-Dimensão da complexidade sensorial da experiência, permitindo a emergência de uma consciência progressiva de narrativas diárias, podendo ser vista como ricos menus diversificados para a elaboração narrativa.

A metaforização
-Condensadores de significado.
-Através dela damos sentido recordações sensoriais, emocionais e cognitivamente.
-Capacitar cliente produzir múltiplos significados p/ cada memória episódica.

A subjetivação
-Trabalho de construção múltipla prossegue.
-Aqui é variedade de experiências emocionais/cognitivas que se procura.
-Mostrar possibilidade de diversidade de experiências emocionais do passado, presente e da procura ativa no futuro.
-Através exercícios ativação emocional, realizados sessão e exercícios diários, procura-se alargar leque experiências emocional, p/ ser capaz elaborar em cada situação matizes diferenciados de ressonância emocional.

A projeção
-Remete ideia indivíduo constante movimento espaço/tempo.
-Capacidade de internacionalizar de modo narrativo as experiências do futuro.
-Cliente constrói e descontrói-se todo momento, intencionalizando experiências que geram novas possibilidades de intencionalização da experiência.
-Orientar cliente construir uma metáfora alternativa à metáfora raiz que tem orientado seus sistemas conversacionais e de significação.
-Depois cliente parte para nova revisão da história vida e de modo a encontrar/fundamentar, no passado histórico, episódios caracterizadores desta nova forma de significação.

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