sábado, 9 de abril de 2016

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RESUMÃO: Psicologia Fenomenológica

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Resumo de Psicologia Fenomenológica – NP1
-Hegel: precursor da fenomenologia. Trouxe discussões como fenomenologia do espírito, falando de algo diferente que o ser humano tem e não adianta a ciência ficar cartesiando. Pessoas acharam que ele estava “se perdendo”. A sensibilidade que temos é, muitas vezes, ignorada pela ciência. O “diferente” é a intuição. Ciência não dá crédito para isso, pois não é “provável”.

-Husserl: vem da matemática e sistematiza (objetiva) as ideias de Hegel, tentando criar um método para se portar diante de um indivíduo. Propõe uma reformulação ao olhar da Psicologia trazendo a noção de intencionalidade e o método fenomenológico como leitura para se compreender o fenômeno.
-Não agimos ao acaso, para tudo há um motivo. A Psicologia conversa com quem age. O desafio é que nem sempre a pessoa sabe a intenção. Temos responsabilidade pelos nossos atos, mesmo não sabendo. Utilização do método fenomenológico para que a leitura do outro seja embasada.
-O método fenomenológico propõe cuidados para não interferir no tratamento.
-Intencionalidade, movimento que nos induz a atitude e respeito ao método.
-Abona (no sentido de não ficar preso a; se aventurar a conhecer o indivíduo independente da queixa, não ficar encaixando-o nas teorias prévias que já temos conhecimento) a ideia de uma teoria prévia do conhecimento humano, propõe sim uma abertura ao conhecimento e à descoberta do ser.
-Causa insegurança porque não oferece uma prática que conduza a procedimentos predeterminados, parecendo ser muito livre, o que pode gerar falta de cuidado.
-A fenomenologia não nega que os transtornos existam, mas além deles, existe uma pessoa. É necessário investigar e não partir para a comodidade de classificar, enquadrar.
-As técnicas fenomenológicas são sustentadas no seu estudo e aprimoramento para se adaptar à realidade da pessoa (como se portar, como formular uma pergunta). Trabalha muito com a experienciação (ajudar que o sentimento apareça, além da explicação intelectual). Não é uma técnica predeterminada, e sim construída através dos nossos conhecimentos.

-Ser-aí: ser no mundo se relacionando consigo e com os outros (vivendo).
-Ser-com-os-outros: ser se relacionando com os outros.
-Ser-para-o-fim: ser em contato com a morte.
-Ser-em: ser para o mundo e relação com temporalidade.

Principais ideias de Husserl:
-Ressalta a importância de um método de estudo do ser-aí com rigor e cautela: cuidado com predefinições. As perguntas devem ser exploratórias, não direcionar a algo “esperado”.
-Enfatiza a intencionalidade como mobilizadora do ser e necessária de se conhecer, adotando-se postura “analítica” e “reflexiva” para se chegar às coisas mesmas (essência, origem): a análise é construída na relação com o outro, a partir do que ele diz (e não ao que achamos). Não é o que a teoria afirma, e sim o que a pessoa fala e vivencia. O importante é fazer sentido para a pessoa.
-Acredita que o ser não é estático, mas sim se constitui a partir das vivências e sentidos atribuídos por ele no decorrer de sua vida.
-Abandona a concepção naturalista do ser humano para a adoção de uma atitude antinatural ou epoché (atitude antinatural que evita o pretenciosismo), mas dar ênfase aos fenômenos que se manifestam e abandono da atitude natural e ingênua: a concepção naturalista pode ser exemplificada pelo mau uso da teoria de Piaget (classificar todos por fases ou estágios). Devemos estar abertos aos fenômenos que acontecem (aprender a olhar para pessoas e compreendê-las). O naturalista fragmenta quando estabelece categorizações. A ciência se baseou no natural (previsível, controlado). Temos que tomar cuidado com esta visão simplista.

Principais ideias de Husserl a respeito da Psicologia:
-Propõe no método a suspensão temporária dos pressupostos e ideias prévias e abertura a descoberta do ser e sua dinâmica permanente.
-Inicia com uma crítica à ciência e sua conduta limitada diante do ser: excesso de objetividade e pouca contribuição prática dessa ciência. A pergunta da fenomenologia é “como acontece?” E envolve a exploração para a pessoa. A razão surgirá depois.
-A ênfase na busca da verdade absoluta no fazer científico, à necessidade de mensuração dos fenômenos psíquicos e à atribuição de natureza psicofísica ao seu objeto de estudo. Daí quase sempre inferirem acerca dos fenômenos. A crítica da fenomenologia é que a ciência tradicional se apegou demais a isso.
-Dois caminhos propostos:
1) Redução eidética: busca da essência das coisas, do que é invariável (repetição comum de a pessoa trazer), redução ao que é. Como uma limpeza dos atos para se aproximar do indivíduo. Tentar ao máximo chegar à essência. A repetição / invariável não é o que não muda, mas o que nos chama atenção, que se repete muitas vezes na pessoa (sentimento, comportamento).

2) Redução fenomenológica: suspensão de concepções, julgamentos diante da compreensão do fenômeno, atendo-se às evidências que se apresentam à consciência. Usamos a consciência (de estar aberto a algo, abertura a determinadas experiências), seguido pela intencionalidade de responder a experiência.

Senso comum
-Apego a vivências pessoais (nos apegamos porque somos humanos), conhecimento ambíguo e duvidoso, conhecimento adquirido do que se observa (a partir do que vemos, fazemos generalizações).

Conhecimento científico
-O ser humano enquanto passivo e previsível (podemos estudar), trata-se de um fenômeno fechado possibilitando a criar leis universais (previsíveis a partir da caracterização dada pela ciência, radicaliza quando agimos a partir de suas teorias) e separação entre mente e corpo e atribuições causais (causa e efeito).

-A fenomenologia questiona a ciência quanto a esses pontos.
-Para a ciência moderna, o senso comum não é um desperdício, levanta questões importantes.
-Benefícios da ciência tradicional: rigor, cuidado, sistematização para controle e a razão de fazer.
-O psicólogo deve controlar o senso comum e, ao mesmo tempo, é um pesquisador em qualquer contexto.
-Nem sempre o sentido que damos a uma palavra ou expressão é o mesmo que a pessoa vive. Temos que entender o sentido que a pessoa atribui aquilo.

-O psiquismo não é determinado previamente, a consciência se realiza por meio de seus atos e dos sentidos a ele atribuídos.
-Compreendemos a existência de tal forma que para nós não é necessário acrescentar a ela aquela estrutura interna chamada psiquismo, a qual só seria necessária se nossas concepções de homem e mundo se fundamentassem no pensamento tradicional da metafísica, que separa homem e mundo, mente e corpo, sujeito que conhece e objeto do conhecimento.
-Pistas são sempre pistas. A fenomenologia tira a centralização do psicólogo. O problema é afirmar em relação a pista.
-Sartre: “o sujeito emocional e o objeto da emoção estão unidos numa síntese indissolúvel”.
-Crítica ao determinismo psíquico e a teoria respectiva (experimental, comportamental). Partimos do princípio de compreender o sentido para a pessoa.
-Metafísica: h-m (como se houvesse cisão). Temos que olhar para essas coisas e aprender a lidar com isso.
-“Todas as coisas que são carregam nelas o seu ser. Se não for assim, não poderia se manifestar, não existiria, seria vazia”.
-Se for o que o outro quer, será vazio.

-Heidegger: se precisamos buscar a origem das coisas para entender o sentido das coisas.
-Propôs a compreensão do ser humano.
-O homem em busca de si mesmo: nós nos buscando na vida.

Quem é o objeto de conhecimento?
-“A investigação é vista (...) como todo querer saber querer compreender que se lança um olhar interrogativo em direção aquilo que o apela, que o afeta, que provoca a sua atenção e interesse”.
- O homem em busca de si mesmo.
-A interrogação deve ser constante em direção a nós e ao outro.
-Buscar as coisas mesmas.
-Cuidado com o que provoca sua atenção ou interesse para não conduzir para um só caminho.

-Essência: o que é o que é; consciência: o que se quer dizer.
-Preservação da essência: redução eidética.
-O que é para a pessoa, não para o psicólogo.
-Consciência é o primeiro alerta para responder a situação.
-Chegando na essência, tem acesso aos atos da consciência e então na intencionalidade (o que quer dizer).

-Compreender a ontologia do ente homem, seu modo de ser e de conhecer.
-Como conhecer? Quais recursos para não ser tendencioso e responder as próprias questões?

-Como colocar algum questionamento sujeito a investigação? Para não ser tendencioso.
-Como formular perguntas? Perguntas abertas para chegar à essência. Evitar tendência.
-Ente: humano, indivíduo.
-Ser: sentido, maneira de viver, tom que damos para a vida. Dá o tom para o ente.
-Unindo Ser e Ente, teremos um Ente seguido de um Ser-aí (que se relaciona com o mundo). A ciência ficou muito no Ente (mais acessível). A Fenomenologia propõe se aproximar do Ser.
-Ontologia: ciência que estuda o Ser (busca a essência, origem e olha para dentro). Não faz generalizações, não faz das suas hipóteses e teses generalizações porque cada um é um.
-Modo de ser (como o ente é) e conhecer (como é o tom dele).

-Que cuidados precisamos ter? Os instrumentos beneficiam ou impedem o conhecimento, a compreensão? Depende do modo de utilização, quais instrumentos e com qual objetivo.
-A fenomenologia propõe uma investigação que interrogue a ações humanas orientadas para a descoberta do homem mesmo, seu estar-sendo-no-mundo.
-Para Husserl, reduções eidética e fenomenológica, mas e na prática? É importante questionar para não influenciar.

Metafísica
-O ser está separado do ente.
-Ele é a essência, é patente, visível a partir da ideia que se tem dele.
-O conceito dele nos aproxima da permanência.
-Visão naturalista.
-Metafísica se distancia da essência.

Fenomenologia
-O ser e o ente não estão separados.
-O ser é o que aparece, o que se manifesta.
-O ser não é permanente (ele aparece e desaparece).
-A aparência é o estado de vir-a-ser da existência.
-Se o ser e o ente não estão separados, devo buscar o sentido (no ser).
-Aparência: o que vem, o estado da pessoa, que tem a ver com a existência dela.

-O que representa então o olhar fenomenológico? É estar livre para abrirmos para o outro (cliente). Abertura esta que pressupõe conhecermos quem somos (psicólogos) e como somos, nossos valores, crenças e nosso posicionamento diante do mundo, nossos preconceitos... assim teremos uma atitude de abertura ao outro.

-A origem do pensamento está na angústia na dúvida e na incerteza da própria condição.
-Fenomenologia: um ponto de vista é apenas um ponto de vista (relatividade). Tudo é uma condição provisória do ente se manifestar. Nada é definitivo, há a possibilidade de mudança. A relatividade está ligada ao que somos. Ser humano é complexo.
-Metafísica: só há um modo de pensar as coisas. A lógica distancia-se do sentido. A relatividade é algo a ser superado.
-O ser-aí está o tempo todo lidando com angústias (vêm quando estamos instáveis / nos questionamos sobre questões da vida / vem como propulsora de movimentos dentro de nós / é tida como problemática e a ignoramos, ao invés de ouvi-la). Se ela se torna frequente, pode nos levar a problemas sérios.
-Visões antagônicas (fenomenologia e metafísica): uma necessita de uma conclusão/certeza (isso faz perder a essência – movimento de ser-aí de se refazer, reconstruir).

-O modo de pensar atua sobre o modo de ser do ente. A forma como somos, nossos valores, nossos paradigmas atuais influenciam nosso modo de ser.
-Ocidente: hábitos, maneiras de conduzir a vida. O ocidente interfere no nosso modo de ser (pode aumentar angústias pelas manipulações da cultura). Faz um movimento contrário à saúde e, se não seguir, será cobrado. Não vamos negá-lo, e sim entendê-lo.
-Fenomenologia opõe-se a negação buscando apontar o ser no mundo à abandonar os vícios do olhar pois o sentido de tudo pode mudar (necessário ter uma abertura para ouvir o cliente, o que tenho certeza agora, pode fazer repensar outros conceitos).

-“O ser das coisas (...) está no lidar dos homens com as coisas, no falar, entre si, dessas coisas e no modo de lidar com elas...”.
-O que Heidegger vem propor: rompimento com olhar que busca a relação entre sujeito e objeto do conhecimento, redefinindo compreender para o ser; Interpretar o que está menos aparente para o próprio ser a partir da experiência.
-Heidegger propõe sujeito-sujeito (e não sujeito-sujeito). Com um movimento de abertura, duas pessoas irão se encontrar, irão se conhecer juntas. Deixa o psicólogo vulnerável e com receio de se perder, pela proximidade. Relação entre sujeito e objeto envolve uma relação hierárquica (um que conhece e outro que será conhecido).
-A Fenomenologia não exclui as teorias do comportamento humano. Estando aberto, saberá que o fenômeno é maior do que pareceria se estivesse fechado (não só o que observo, mas tudo que emerge quando falamos, sentimos, percebemos, pensamos).
O que representa Ser para a Fenomenologia?
-Não exclui o que já existe mas da Essência ampliando olhar as diferentes fenômenos;
-Afasta o olhar para as explicações já existentes, mas uma prática investigativa, curiosa e cuidadosa dos fatos;
-Causa insegurança por que não oferece uma análise que conduza a procedimentos e ao mesmo tempo parece ser mais livre, o que pode gerar uma ausência de cuidado;
-Evita-se a antecipação diagnóstica dos fatos, buscamos o diferencial e o significado para aquela pessoa;
-O presente está relacionado ao passado e futuro.

-Cuidado com a ausência de cuidados.
-Heidegger observa a relação entre existir e nossa maneira de nos colocar no mundo.
-O tempo presente nos coloca em contato com o tempo passado (questões passadas se projetam no presente/futuro).

-Ente: ser (pessoa, sujeito, indivíduo). Ele é o significado da expressão. Nos ajuda a ter acesso aos sentidos.
-Dasein: Ser-aí (Ser-no-mundo). Ser, o que nos causa interesse, o que está em questão. Mundo é o onde é o como as coisas são para o ser. O ser dá sentido à expressão. Ente com a sua essência. Causa interesse para a Fenomenologia porque traz a essência, os sentidos e como cada um vivencia suas experiências.
-Mundo: onde os fatos estão acontecendo. O Ser se relaciona com essas coisas a partir do sentido dele (sentido a expressão, ao vivido, ao que é de fato).
-O ser é a própria existência: “...nós não apenas somos, mas percebemos que somos. E nunca estamos acabados, como algo presente, não podemos rodear a nós mesmos, mas em todos os pontos estamos abertos para o futuro (...) estamos entregues a nós mesmos. Somos aquilo que nos tornamos”.

Ser para a Fenomenologia
-Opõe-se ao paradigma da ciência tradicional: quantificação, previsão e controle - objetividade dos fatos (objetivo, observável, palpável).
-Oferece um olhar minucioso a realidade que se apresenta, realidade esta não somente observável, mas sentida, vivida. Não ficar só no que vemos, mas sim abrir os olhares para ter acesso a essência do ser.
-Ênfase na experiência e na sua representação para o ser que a vivencia. Busca do sentido para a pessoa que está experienciando.

-Há relação íntima entre o ser e o tempo. O que nos torna vulneráveis, angustiados.
-A angústia leva a pergunta, a experiência do sentido do ser, do sentido do seu ser.
-A angústia desnuda o ser, tornando-o livre para escolher-a-si-mesmo e apreender-a-si-mesmo.
-Diante da vulnerabilidade, vem a angústia. Mas também é propulsora de mudanças.
-Diante da angústia, ficamos aflitos por perceber que não temos controle de tudo e ficamos livres para decidir (ser livres).
-O mundo cria angústias para o sujeito.
-Angústia da liberdade: decisão do sujeito em participar ou não. Como reagir a angústia do mundo?

-“...Não se deve falar sobre o fenômeno, mas é preciso escolher uma postura que permita ao fenômeno mostrar-se”. A postura é mais importante que o fenômeno.

-“À maneira fenomenológica, ele (Heidegger) se indagara que postura devo escolher para que a vida humana possa se mostrar em toda sua singularidade...”.

Princípios da hermenêutica
-Hermenêutica: ciência voltada para a interpretação (como ela se dá?).
-Princípio da experiência: é temporal e refere-se à própria atitude que temos com a vida que vivemos. Acompanha o momento vivido, sofre influências e está ligada a como vivencia. Tudo parte da experiência de cada um e da vivência de cada um sobre essa experiência.
-Princípio da expressão: de vida, o que não significa dizer que seja o símbolo (sentimento) do que vivemos, mas o espelho da marca da vida no interior do homem. São sentidos que damos para diferentes coisas, o que não representa necessariamente nossos sentidos. Somos o que nós sentimos, vivemos.
-A emoção é biológica. O sentimento é a interpretação dada ao que ocorre internamente. A afetividade é o processo que envolve a relação com o outro.
-Princípio da acessibilidade: fazer a existência ser acessível a ela mesma (o ser-no-mundo para si mesmo). Formular perguntas que o ajudem a chegar a ele, e não às respostas que esperamos.
-Cuidado para não ficar focado na queixa e na necessidade de responder ao outro o que ele veio buscar. Devemos estar abertos para suspender a queixa e entender quem é o ser-aí e o sentido que estão atribuindo às situações.

-A Fenomenologia propõe uma diferenciação no olhar.
-A objetividade, a pré-disposição teórica, cega para a manifestação do ser.
-“A postura objetiva desvivencia a vivência e desnuda o mundo que encontramos”.
-Pressupõe a “arte de estar atento do Dasein para si próprio”.
-Ser-em: em relação com o mundo, com o outro e com si mesmo.
-A angústia provoca o medo no contato com a revelação do próprio ser / desnudado, desprotegido (dele mesmo). Desse nada, surge o ser possível.

-No ser-em, falamos do mundo interno (relação com nós mesmos) e externo (relação com as pessoas).
-A angústia provoca medos.
-Temos que ter um respeito muito grande a respeito de como a pessoa age em relação a angústia. Reconhecer o caminho percorrido.
-Na insegurança do ser poderia ser transporta a segurança do saber.
-Ser-no-mundo como homens é habitar está e nesta inospitalidade, que se lhe apresenta em forma de mundo. O mundo nos coloca em situações de vulnerabilidade, portanto é sempre inóspito.
-Da angústia a descoberta do ser-para-o-fim! A possibilidade e impossibilidade da própria existência. Ao descobrir a mim mesmo, me deparo com uma possibilidade ou impossibilidade de mudança, cada um lida da sua forma.
-Encontro consigo mesmo / com a própria finitude do ser.

Sartre
-O homem está condenado a ser livre, por isso carrega nos ombros o mundo inteiro.
-Tudo é feito pelo homem.
-Cada pessoa é uma escolha absoluta.
-O homem se encontra só (mesmo compartilhando nossos sentimentos com o outro). Só diante das escolhas, da responsabilidade. As pessoas não substituem nossa relação com nós mesmos. Não adianta conviver com os outros sem uma relação consigo mesmo (necessário ter valores, personalidade).

-Olhar para o paciente requer reconhecer os seus movimentos de propriedade (dar conta, chegar onde almejo ser melhor) e impropriedade (momentos de instabilidade).
-É preciso considerar os caracteres fundamentais do Dasein: compreensão (abertura para a própria experiência e estar aberto a sentimentos, sensações e sentidos que irão emergir dela e estar aberto ao que acontece em nós e tomar decisões), afinação (alinhar nossos sentidos e experiências com o mundo, mas como fazer isso com as demandas da vida?), temporalidade (pressão do tempo), espacialidade (atividade que definimos para fazer, o quanto tenho de reserva para aguentar determinada situação), corporeidade (corpo é o maior instrumento para lidar com tudo isso), ser-com (expectativas com os outros), o cuidado (nascemos com a preocupação de cuidarmos de nós mesmos, por isso sentimos culpa), a queda (escolhas que fazemos da vida, que nem sempre dão certo), o ser-mortal (somos finitos).

Nosso desafio
-Conhecer o ser que aparece e desaparece (as vezes nos vemos e outras vezes não).
-Questões que podem ser feitas: a partir do que está dizendo agora, o que mais pode estar implicando? Que modo de Ser-no-mundo é esse que possibilita que tal coisa exista nele? Em que chão isso se assenta? Para onde isso aponta? Junto a que outros significados isso que ele diz faz sentido? Que manifestação corporal acompanha sua fala?
-A dinâmica da compreensão envolve noção de tempo (tudo acaba, limite do “até onde?” – com os outros).
-Aumento do poder: abertura: o Dasein se revela na possibilidade de fazer escolhas. O Ser-aí se torna visível a partir do momento que temos que fazer escolhas, entramos em contato com o existir.
-Quanto maior os limites do poder, mais complicada a responsabilidade.
-Até onde com os outros, nos fala da distância nossa em relação ao outro e do outro em relação a nós.
-Até onde revela a possibilidade de poder ser ou da própria perda.

-A morte impõe sobre o ser humano a impotência. Ela convence o homem da finitude da vida. Porém na memória do tempo nada acaba. Tudo o que foi é. Nós passamos, mas nosso ato fica.
-O sofrimento é condição humana. Não há como viver sem ele. O que importa é a atitude que temos diante dele.
-Culpa: nos perdemos diante desse sentimento; nos culpamos pelo que cometemos e também pelo que deixamos de ter feito.

-O outro nos apresenta a nós mesmos através do espelho (me descubro porque o outro me vê).
-Somos seres que nos constituímos na e a partir da relação com os outros.
-Questionar: que tipo de relações são estabelecidas? Como nós colocamos nessas relações? Quais as formas de comunicação estabelecidas?
-Qual o papel do outro na figura do terapeuta?

-Conhece o outro possibilita identificar a relação de projeção dentro do outro (transferência e contratransferência).
-Temos um duplo de si (eu e o outro, relação complexa, através do outro vê a si próprio).
-O olhar provoca respostas (o olhar dá o feedback).
-Observar os papéis assinados, sonhos, possibilidades quando buscamos os sonhos e a vida, trajetórias e caminhos que estamos construindo para alcançar esses sonhos.

-Sentido: o que me move? Como nós organizamos, regate da história pessoal (quando me organizo, olho minha rotina, olhamos a vida pessoal por inteiro), o que busco quando faço as coisas que faço? Retomada da questão: qual é o sentido da vida?
-Olhamos para a vida para fazer uma escolha agora.

-Quem sou eu? Quais necessidades, como me sinto, o que gosto ou não? A pergunta incomoda, vem angústia e cobrança (será que sou quem queria? Fiz isso, fiz aquilo).
-Qual o sentido da minha vida? Sentido no mundo, sentido dos outros na minha vida.
-Que sentido tenho nessa vida? Relevância nossa para o mundo.
-Descobrir o que quero fazer daqui para frente.
-Condição do Dasein: ser em busca do seu eu, relacionado ao vivido.

Trajetória da autora
-Filosofia: se deparou com questionamento da própria vida; questionou os cuidados com a própria existência, quais recursos utilizava para cuidar de si e das pessoas.
-Heidegger: exercício do próprio pensamento (compreender o próprio pensamento, sem ignorá-lo, libere o pensamento para você mesmo para ter acesso a quem você é).
-Arendt: a partir do depoimento dos alunos repensar o sentido da ação (o que pensa a respeito da dúvida do aluno, promovia uma auto reflexão que modificava sua ação).
-Ambos podem levar a uma mudança de atitude.

-Reflexão: retorno ao já visto (reformulação do vivido – ação). Olhar para o que já foi visto e vivido, não é superficial (demanda um certo tempo). Demanda reformulações.
-Primeiro movimento do pensar: “desenvolvimento da essência ou das verdades primeiras” – não há compromisso prático. Olho para o que conduzo, sem ter antes parado para refletir. Todo movimento de reflexão envolve primeiro o ato de pensar.
-Segundo movimento do pensar (conhecimento): busca da verdade, da explicação através da consciência.
-Terceiro movimento do pensar (reflexão): entender o sentido de algo. Para ter acesso aos nossos sentidos, passamos por essas etapas.

-Surge o sofrimento: algo inesperado, que foge do nosso comum conosco ou algo compartilhado com o outro, nos levando a nos afastar do habitual, sem compreender, sem possuir repertório para “sustentar”, apoiar essa nova compreensão.
-Sofrimento: ruptura consigo mesmo (importante para retomar depois cada parte de si mesmo) e dificuldade para compartilhar (o outro mostra, muitas vezes, nós mesmos). Nossa ideia: tudo o que é real é compartilhado (quando estou mal, não consigo me comunicar comigo ou com o outro). Somos ontologicamente sociais (em muitos momentos, para falar com nós, precisamos falar com o outro), mas a existência é vivida na primeira pessoa (a decisão continua sendo por conta de si mesmo, não pelo outro). Portanto, preciso compreender para me tornar possível a mim mesmo (quanto mais dificuldade de falar consigo mesmo, menos terá acesso a quem realmente é).

Compreender pressupõe
-Situar historicamente: saber como foi a trajetória, o que aconteceu comigo. Movimento pode ser até mais recente (vou no tempo que é necessário ir).
-Pressupõe referência: como foi no início, como é e onde quero chegar (passado, presente e futuro).
-Linguagem é o veículo: desenhando, falando, escrevendo. Na linguagem, temos acesso ao real, aos outros e a nós mesmos.
-A linguagem está interligada a ação: quando falamos, fazemos (não da para separar – ação que houve ou que vai acontecer). Ambos juntos são atribuídos de sentido através das consequências. Na troca, através da linguagem, o outro me vê e começo a olhar para mim (a forma como ele me vê me faz olhar para mim).

-A ação se confirma como sentido através da palavra que vai traçar os sentidos dado a ela. Aquilo que falo repercute sobre o que faço? Toda vez que falamos sobre algo, nossa ação é afetada por isso.
-Daí a necessidade de terapia, pois não só descreveremos os atos, mas os sentidos descritos através da fala. O que isso que eu falo quer dizer?
-Nossa fala nos garante nossa confirmação e autoria. Eu posso fazer diferente ou não. Sou autor.
-Sem ela, seremos o que os outros nos veem. Não falar pode ser uma forma de omitir.
-Daí o conflito: abandonamos a nós mesmos na narrativa dos outros. Somos o que o outro quer.

Existência
-1° nível do processo terapêutico: sermos agentes dos próprios atos e falar deles na terapia.
-2° nível do processo terapêutico: ser expectador da própria ação.
-3° nível do processo terapêutico: narrar (me ouvir).
-4° nível do processo terapêutico: narrar para me levar à consequência.

-5° nível do processo terapêutico: julgamento (que nos prepara para a continuidade ou não de nossas ações – consciência) para sermos autores de nossas vidas.

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